Considerada uma das cidades mais influentes do mundo – ao lado de Nova York, Paris e Tóquio -, Londres tem muito a ensinar quando o assunto é acessibilidade.

Como pioneira na inclusão de deficientes, a Inglaterra aprovou, em 1995, o Disability Discrimination Act, uma espécie de estatuto que torna ilegal a discriminação de deficientes por parte de qualquer estabelecimento. Londres, como menina dos olhos do Reino Unido, faz de tudo para incorporar o conceito na íntegra.

A discussão voltou à tona nos últimos dias após a campeã paralímpica Hannah Cockroft desafiar o prefeito de Londres, Boris Johnson, a usar uma cadeira de rodas para se locomover por um dia.

“Eu desafio @MayorofLondon para passar o dia 1 de trabalho em uma cadeira de rodas, usando o transporte público para chegar a compromissos em torno de Londres”

A reivindicação de Hannah, que detém dois recordes mundiais nas corridas com cadeiras de rodas, diz respeito principalmente ao metrô londrino. Outra ação também chamou a atenção para o tema nas últimas semanas: após o sucesso do vídeo em que um atleta aposta corrida com o trem, conseguindo sair da estação de Mansion House e entrar no mesmo vagão na estação de Cannot Street, um cadeirante tentou repetir o feito.

Confira o resultado:

Acessibilidade no metrô

Não é fácil adaptar uma estrutura com mais de 150 anos, 11 linhas diferentes e 270 estações aos critérios de acessibilidade que vigoram atualmente. Mesmo assim, Londres fez o que estava ao seu alcance: elevadores foram instalados em todas as estações que permitiam, e os degraus foram eliminados ao máximo.

Atualmente, há 66 estações de metrô e 42 estações dos trens Overground com acesso “step-free“, ou seja, sem degraus. Dos trens DLR, todas as estações e trens são 100% acessíveis.

Pessoas com deficiência não pagam para utilizar o transporte público, e há adaptações que fazem a diferença praticamente em todos os lugares. Pisos táteis nas estações, orientações visuais e também sonoras fazem parte da viagem. Além disso, qualquer pessoa com deficiência visual pode solicitar acompanhamento, pois há profissionais treinados para prestar auxílio e orientar no que for possível, tanto na estação de partida como na de chegada.

Além disso, o órgão oficial do transporte londrino oferece dois guias em seu site para auxiliar quem tem mobilidade reduzida: o primeiro aponta todas as estações totalmente sem degraus, e o segundo mostra as estações que possuem escadas rolantes, elevadores e rampas à disposição.

De qualquer forma, as melhorias continuam a ser implantadas: os novos trens anunciados na última semana contarão com um sistema que elimina qualquer tipo de vão ou degrau entre a plataforma e o vagão. Eles começarão a circular daqui a aproximadamente 10 anos.

Frota de ônibus é 100% acessível

O London Buses, serviço de ônibus londrino, transporta 6,4 milhões de passageiros em dias úteis. São mais de oito mil ônibus, todos eles completamente acessíveis desde 2009. Além das plataformas elevatórias para cadeirantes, a frota é equipada com um sistema de aviso sonoro e visual que contém um mapeamento de todas as linhas e paradas, mantendo o passageiro informado durante todo o trajeto.

Para muitas pessoas com deficiência, esse é o sistema de transporte favorito na cidade, pela agilidade, facilidade e conforto oferecidos. Uma dica é fazer uso do Google Maps, que indica rotas tanto para ônibus como para o metrô.

Pedestre também encontra facilidades

Para quem se locomove a pé e tem deficiência visual, por exemplo, Londres se adapta para garantir a segurança. Nas calçadas, é comum encontrar pisos táteis, uma espécie de faixa de segurança para o deficiente visual. O sistema conta com um piso emborrachado e tem círculos em relevo para indicar caminhos seguros e livres de obstáculos, além da distância para a via.

Nos semáforos, há orientação visual e, em outros casos, sonora. Mas as adaptações não se resumem a isso: um dispositivo instalado nas calçadas contém uma espécie de cone para informar ao deficiente visual se é possível atravessar. Quando o cone está girando, indica que o sinal está aberto para o pedestre. Detalhes como esse, apesar de simples, fazem a diferença na vida de quem precisa se locomover sozinho na cidade.

Pontos turísticos adaptados

O turista com mobilidade reduzida encontra uma série de facilidades nos pontos turísticos da cidade. Antes de planejar suas visitas, no entanto, aconselhamos consultar o site oficial da atração, pois a grande maioria reúne informações específicas de acessibilidade.

Nem todos os pontos turísticos são perfeitamente adaptados, até porque, em alguns lugares, não há estrutura física para isso. Entre tantas atrações, indicamos algumas que se destacam pela acessibilidade:

British Museum
O museu reúne mais de oito milhões de peças históricas, num acervo que abrange toda a humanidade. É possível acessar praticamente todos os espaços por meio de elevadores. Além de mapas e folhetos, há opções para pessoas com deficiências auditiva e visual, como guias sonoros e intérpretes – esse serviço é padrão em quase todos os museus da cidade. Os cães guias tem entrada permitida no Museu.

London Eye
A roda gigante mais famosa do mundo também é acessível a pessoas com deficiência. A segurança é garantida, pois os funcionários param o equipamento quando um cadeirante vai acessar. Uma das facilidades é o bilhete “fast track”, oferecido a pessoas com deficiência e a idosos, que evita filas e agiliza o processo. Se possível, procure reservar o bilhete por antecipação no site.

Hampton Court Palace
Um pouco afastado do centro de Londres, o palácio oferece um serviço especial para quem é cadeirante. É possível reservar uma cadeira de rodas elétrica por antecipação, que será manobrada por voluntários durante a visita de duas horas pelo palácio. A integração é um dos diferenciais da atração, já que os voluntários costumam ser receptivos e calorosos.

Fonte: Mapa de Londres

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