Acessibilidade deveria ser uma preocupação que englobasse todas as áreas das cidades-sedes
A acessibilidade nas arenas pode estar garantida por lei, mas é preciso que o entorno dos estádios esteja apto a atender às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Além disso, as sedes precisam estar preparadas para receber não só o público local, mas também quem vem de fora. A questão é muito mais ampla. Trata do acesso às arenas e das condições oferecidas (rampas de acesso, sinalização, transporte) nas cidades.
O que se pode afirmar em relação às cidades brasileiras, em especial as sedes da Copa do Mundo de 2014, é que poucas oferecem condições mínimas para pessoas com deficiência. As vias são precárias, o transporte público é inadequado e a sinalização é praticamente inexistente. Pior. Pouco está se fazendo para mudar esse panorama, mesmo com a realização da Copa do Mundo no Brasil.
Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou estudo inédito sobre as características urbanísticas dos entornos dos domícilios visitados pelo órgão durante o censo nacional. Entre as conclusões do estudo, a quase inexistência de rampas de acesso a pessoas com deficiência nas calçadas. O resultado dá uma boa noção da incapacidade das cidades brasileiras em atender a essas pessoas.
De acordo com o estudo, que analisou o entorno de 96,9% dos domicílios no Brasil, há rampas de acesso em apenas 4,7% das calçadas. “Creio que os acessos às calçadas são um bom termômetro para avaliar a importância que o local dá à acessibilidade. É complicado, pois a Justiça diz que a calçada é de responsabilidade do proprietário do imóvel. Aliás, às vezes fazem rampas, porém não tratam das calçadas, que ficam intransitáveis”, diz Ricardo Shimosakai, consultor em acessibilidade e turismo e autor do blog Turismo Adaptado.
Para Ricardo, o grande problema não é nem a baixa média nacional, mas a disparidade no Brasil no que diz respeito à acessibilidade. É exatamente o que mostra o estudo do IBGE, que detalhou números das grandes cidades brasileiras. Dentre as dez sedes da Copa do Mundo em 2014, o melhor desempenho foi de Porto Alegre, com rampas em 23,3% das calçadas. A distância para a pior é enorme. Em Fortaleza, esse índice é de apenas 1,6%. Recife ficou em sétimo lugar, com 4,6%. “Infelizmente, a acessibilidade como um todo é polarizada, está mais presente em grandes centros urbanos”, conta Shimosakai.
Fonte: Diário de Pernambuco
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