Aceitar a Baixa Visão é o primeiro passo para a independência

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

24 de fevereiro de 2021

Este texto foi elaborado por Ricardo Shimosakai (@ricardoshimosakai) e Mylena Rodrigues (@mynspira) para o Blog de Ricardo Shimosakai. Ambos são especialistas em Acessibilidade e Inclusão e membros fundadores da ABRATURA (Associação Brasileira de Turismo Acessível)

A baixa visão, assim como a cegueira, é uma condição de uma pessoa, assim é também uma deficiência. Ainda hoje é uma deficiência pouco falada e investigada, já que para a maioria das pessoa, ou se enxerga ou não se enxerga, existindo uma dificuldade enorme em saber como lidar com alguém que tenha baixa visão. Para além disso, ainda existem as questões ligadas ao preconceito, pois a baixa visão muitas vezes passa despercebida, não é uma deficiência aparente, gerando uma desconfiança das pessoas que convivem com quem a tem.

Nesse texto quero colocar algumas características da baixa visão, não para tentar criar uma bula ou colocar regras, mas simplesmente para tentar mostrar o quanto a baixa visão é um universo diversificado, e o quanto é importante a aceitação da deficiência para que as pessoas se tornem mais independentes.

Talvez você ao finalizar a leitura desse texto, até se lembre de alguém que tenha baixa visão e não sabe que tem, por falta de informação ou por negar a acreditar que de certa forma não enxerga bem e tem algumas limitações.

Hoje as doenças que podem levar a essa condição são várias, entre elas temos catarata, glaucoma, retinose pigmentar, degeneração macular, retinopatia diabética, entre outras, que podem ser congênita, ou seja, desenvolvida ainda na gestação ou adquirida, quando a pessoa desenvolve com os anos. Por isso a importância de se cuidar da saúde ocular, visto que algumas dessas doenças são silenciosas e podem se desenvolverem rápido.

A questão principal é que uma pessoa com baixa visão não é cega, sendo assim, como ela vê? Essa é uma pergunta frequente, pois se não é cega, ela ainda tem resíduo visual. Esse resíduo visual nada mais é que uma pouca visão. Ela pode ver luz, escuridão, alguns obstáculos, alguns objetos, fazer leituras sem usar o sistema braille, não usar bengala pra se locomover e precisar apesar de recursos como textos ampliados, lupas variadas e óculos com lentes especiais.

Quando digo que é complexo identificar a deficiência e a forma como lidar com ela, me refiro principalmente a baixa visão desenvolvida em crianças, pois essas ainda não tem noção de quais os melhores recursos usarem ou os pais demoram a perceber que seus filhos têm alguma limitação visual, fazendo com que o desenvolvimento deles se torne um pouco tardio.

A maioria das possibilidades para uma criança com baixa visão que não foi diagnosticada logo cedo, só vai aparecer no período escolar, sendo que os profissionais da educação é que vão então perceber tais necessidades, pois aqui a criança vai apresentar dificuldades como leitura no quadro, leituras em livros e textos, dificuldades em lugares claros ou escuros, problemas em visualizar imagens e fotografias, ao brincar pode não ver obstáculos e ao mesmo tempo, vão conseguir se locomover sem grandes dificuldades, deixando assim uma sensação de dúvida quanto a sua deficiência visual.

Desse modo, se torna ideal que exista um trabalho conjunto entre país, médicos e professores, buscando junto a criança as melhores formas para que ela consiga se desenvolver em um ritmo ideal a ela.

Quando a baixa visão é adquirida na vida adulta, as adaptações são variadas. Aqui o adulto muitas vezes percebe que sua visão não é mais a mesma, podendo assim procurar ajuda quando começa a notar uma mudança. Porém, a aceitação é que pode ser demorada. Acredito que muitos vão buscar a cura antes de buscar os recursos e isso pode travar a sua vida de uma maneira geral.

Buscando os recursos para uma melhor adaptação, a pessoa passa a se sentir mais confiante e confortável para realizar atividades do seu dia a dia que já realizava antes, como trabalhar, cuidar de casa e dos filhos, sair, viajar.

O que não pode acontecer em uma fase onde se descobre a baixa visão, é negar que ela exista, fazendo com que pessoas que conviva com você desconheça suas limitações. Falo isso, pois algumas dificuldades vão aparecer. Pode ser que a pessoa com baixa visão seja vista caminhando sozinha, fazendo compras, mesmo que pra isso tenha algumas dificuldades não tão aparentes, mas em situações especificas, essas dificuldades podem aumentar em uma proporção enorme.

Em um jantar de família por exemplo, a pessoa com baixa visão pode não enxergar pratos e copos transparentes e isso se tornar um problema grande, já que acidentes podem acontecer.

O que quero deixar claro aqui é que a melhor forma de lidar com a baixa visão e as complexidades que giram em torno dela é buscando maneiras adequadas a cada pessoa para que se torne mais tranquila e fácil a sua adaptação e sua rotina diária.

Sou pessoa com baixa visão e convido você leitor a acompanhar as possibilidades, adaptações e discussões que apresento em minhas redes sociais, palestras e cursos. Assim como convido você a sugerir assuntos para que possamos juntos debater. 

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