Angolano naturalizado brasileiro, Celestino Suursoo, 33 anos, poderia fazer um filme de sua história. Atualmente, sua rotina é dividir o tempo entre os treinos pela Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas e pelo CAD São Paulo (Clube Amigo dos Deficientes). Mas, para checar até este ponto, precisou passar por poucas e boas.
Sua história começa na Angola, um país que aceita legalmente a poligamia. Assim, conviveu quando criança com vários irmãos, filhos das 10 esposas de seu pai. Como sua mãe havia falecido quando celestino era muito pequeno, o garoto cresceu sob os cuidados das madrastas. “O problema é que filho dos outros fica pra segundo plano, não é?” comenta o atleta. E tanto foi assim que um simples machucado lhe custou a amputação da perna direita anos mais tarde.
O machucado foi um corte, aparentemente provocado por um pedaço de vidro (pelo o que o atleta se recorda), que se transformou em uma infecção mal cuidada. “Apenas me lembro de um dia acordar no hospital. Não sei como, mas meu estado não era bom, eu tinha febres altíssimas. Acredito que fui encontrado tendo convulsões e levado pra lá,” recorda.
Depois deste episódio o garoto nunca mais veria sua família. Como nenhum dos parentes o procurou por muitos meses, o garoto recebeu o convite de uma missionária brasileira que mudaria seu destino. “A missionária chegou para mim e perguntou se eu gostaria de ir para o Brasil, pois havia uma amiga dela que gostaria de ficar comigo e que também poderia cuidar de minha perna. Aceitei na hora o convite, mesmo sem saber o que me esperava.”
Foi assim que, aos 11 anos, Celestino passou a morar em São Paulo, ganhou uma nova mãe e 4 irmãos – todos adotivos. Atendido por médicos brasileiros, o angolano recebeu o diagnóstico de osteomielite, uma inflamação óssea que, quando não tratada, pode afetar a medula e outras partes do corpo. Com o diagnóstico, Celestino também soube que precisaria ter a perna amputada.
Novo país e novo corpo. Não seria fácil para nenhum garoto e também não foi para Celestino freqüentar escola e fazer amizades. Além de estar em uma ambiente estranho, tinha vergonha de sua amputação e ficava afastado de outras crianças da escola que passou a freqüentar.
“Chequei a colocar uma prótese e fiquei muito feliz, pois achei que ela me permitiria fazer tudo. Mas não foi bem assim, pois ela me machucava muito.” Todo o tratamento de fisioterapia até chegar à colocação da prótese foi realizado na AACD (Associação de Assistência a Criança Deficiente), em São Paulo. E foi nesta associação que Celestino conheceu pessoas com problemas piores que o seu. Ele começou então a lidar melhor com suas dificuldades e com a possibilidade de usar muletas, deixando a prótese que o machucava tanto para segundo plano.
“Um dia me desafiaram a jogar bola e eu topei. Os garotos fizeram uma regra em que eu só poderia fazer gol com a muleta do braço direito. Encarar aquele desafio me ajudou a aceitar de vez as muletas e a interagir melhor com os outros.”
Atleta de basquete
A história com o basquete começou há 15 anos. Celestino estava em um restaurante quando um grupo de cadeirantes o abordou. “Qual a sua deficiência?” perguntaram. Quando souberam que Celestino era amputado e assim não teria nenhum impedimento médico para prática esportiva começaram a comemorar. “Só depois entendi que a comemoração era porque tinham encontrado mais um jogador para a equipe que estavam formando. Como eu tinha um bom porte físico, logo viram em mim um atleta, o que se confirmou rapidamente.”
Passada a dificuldade de aprender a lidar com a cadeira de rodas, equipamento básico para o jogo, Celestino não parou mais de treinar, tendo representado algumas equipes até chegar ao CAD São Paulo e à Seleção Brasileira. Meu grande objetivo hoje é conseguir representar o Brasil no próximo Parapanamericano e ser campeão Brasileiro pelo CAD. Alguém duvida que ele consiga?
Fonte: Vetnil
Gostei muito da história do celestino.
Poderiam fornecer alguns dados pessoais de celestino como nome completo ou como encontrá-lo nas redes sociais por gentileza.