A tecnologia que transforma o mundo, também auxilia pessoas com deficiência
Mãos biônicas conectadas aos nervos, com ligação direta no cérebro. Bioimpressoras fazendo pele sintética, veias e ossos artificiais. Próteses de pernas fabricadas sob medida. Ossos artificiais substituindo ossos verdadeiros dentro do corpo. Os melhores laboratórios do mundo produzem um arsenal de peças de reposição para substituir partes defeituosas e fazer de nós, seres humanos, seres biônicos.
Tempos atrás, o americano Chad Chritenden precisaria de muletas ou cadeira de rodas. Mas, além de sortudo por viver em uma era de muita tecnologia, o cara é batalhador. Faz com uma perna de metal e plástica o que muita gente não faz com duas de carne e osso. Para evitar que um câncer no pé se espalhasse pelo corpo, Chad passou por uma cirurgia complicadíssima e teve a parte inferior da perna direita amputada. Só dois anos mais tarde, com ajuda de uma prótese, ele começou a jogar futebol. E agora, oito anos depois, por causa de um equipamento, ele tem a sensação de que teve de volta uma parte do corpo.
Diante da nossa câmera, pela primeira vez, o atleta experimenta um acessório feito sob medida pra ele: uma perna de plástico, levíssima e ultrarresistente que, depois de encaixada como um acessório na perna mecânica, deixa a deficiência física praticamente imperceptível. “Me dá mais confiança. Agora posso me concentrar no jogo sem me preocupar com o que as pessoas pensam de mim”, conta. Scott Summit é o criador da perna de Chad. Ele fundou uma empresa na Califórnia especializada no desenho de próteses. “É um sistema mecânico complexo que nós desenhamos pra reproduzir o movimento perfeito de um joelho”, informa.
Uma máquina captura todo o formato da outra perna do paciente e, então, o desenhista cria o modelo da prótese. O programa de computador desenvolve as articulações e, por um simples e-mail, envia as informações para uma impressora tridimensional que pode estar em qualquer região do planeta. Uma mão biônica é conectada ao punho e comandada pelo cérebro. O ruído da engrenagem é o que revela o segredo por trás da pele que parece de verdade. Está em desenvolvimento uma versão com 25 movimentos diferentes e mais de 80 pontos de sensibilidade, permitindo ao usuário não só pegar objetos, mas sentir o que está tocando.
Enquanto isso, na universidade do Missouri, nos Estados Unidos, células retiradas do corpo do paciente servem de combustível para impressora de tecidos e veias. As células se reproduzem ali dentro e, misturadas a uma espécie de gel sintético, passam a funcionar como um jogo de montar, camada por camada, até formar um tecido que pode, então, ser implantado no mesmo paciente. Uma aplicação prática, que pode acontecer em breve, segundo a doutora Françoise Marga, seriam implantes em pessoas que tiveram nervos destruídos.
De volta ao Japão, uma nova tecnologia faz com que ossos esmigalhados em um acidente ou perdidos por alguma doença sejam regenerados a partir do implante de ossos artificiais. “Até agora, eram feitos transplantes com partes de ossos extraídas da perna ou da bacia”, diz o doutor Hideto Saijo, da Universidade de Tóquio. “Mas, nem sempre é possível fazer isso. A medicina regenerativa trabalha para que não seja necessário fazer transplantes”. Os pesquisadores japoneses já fizeram 10 implantes de maxilares bem-sucedidos e sem rejeição. Usando uma impressora 3D eles produzem ossos artificiais com um tipo de cimento chamado Alpha TCP.
“Apesar de ser um implante, ele não é permanente”, diz o pesquisador. “A substância é absorvida pelo organismo à medida que o novo osso vai se formando e desintegrando o implante”. Espera-se que em 10 ou 20 anos, braços e pernas também poderão renascer a partir de material sintético.
Mas os olhos biônicos já estão abertos. É uma supercâmera instalada em óculos especiais que envia sinais a 60 terminais elétricos implantados na retina. Se hoje o paciente que era cego consegue ver borrões em preto e branco, a expectativa, no futuro, é por uma imagem mais definida e, quem sabe um dia, colorida. “Substituir” parece que vai ser muito usado nos próximos anos.
Vans que têm passageiro no banco do carona, mas o do motorista está vazio. Saíram da Itália e foram recebidas na China com festa, porque chegaram levando o futuro: o carro dirigido por computador, o trânsito dos pilotos automáticos. Nunca uma viagem tão longa tinha sido feita por veículos sem motorista, que ainda por cima são totalmente elétricos. As vans saíram de Milão, na Itália, e foram até Xangai, na China: 13 mil km percorridos em três meses, o que dá 144 km por dia.
Cientistas da Universidade de Parma precisaram de 12 anos de pesquisas para desenvolver esses forgões e outros modelos de carros que andam sem ninguém ao volante. O Fantástico foi até lá e pegou uma carona no protótipo mais avançado da universidade. O professor Alberto Broggi, chefe do projeto, explica como esse carro vê o mundo: “O sistema se move graças a uma visão em três dimensões que vem dos sensores externos. O carro vê e entende o mundo e determina qual o melhor caminho”.
Os sensores detectam o movimento até de pedestres que apareçam de repente na rota do carro, que para automaticamente. Uma das câmeras instaladas no para-brisas consegue reconhecer os sinais e as placas de trânsito e também as luzes do carro que estiver na frente. Ainda em fase de testes, o carro inteligente precisa seguir um carro com motorista de verdade. O trajeto é indicado pelo carro da frente. Se ele se afasta e sai do raio de detecção, o caminho é enviado por sinais de rádio ao sistema de navegação. “Se conseguirmos dar inteligência a esses veículos, talvez seja possível diminuir os acidentes”, diz ele.
É o objetivo de cada tecnologia que você viu nessas reportagens: melhorar a vida das pessoas, até mesmo quando elas não são mais necessárias.
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Fonte: Fantástico
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