A arte fora do alcance. Espaços culturais mostram falhas na acessibilidade.

por | 13 set, 2013 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

“Aquele lugar não é pra mim, ele não me acolhe, não me respeita”. Com essas palavras, a psicóloga Andrea Bragato, de 45 anos, define o sentimento da maioria dos cadeirantes quando se deparam com uma escada como única opção de acesso a determinado local. O problema está presente em quase todos os espaços culturais da Grande Vitória.

Teatros e museus ainda não têm estrutura para receber portadores de deficiência física. Cadeirante há quase 20 anos, Andrea Bragatto ressalta que estar em contato com a cultura é importante para o crescimento de qualquer pessoa, inclusive de quem anda em cadeira de rodas.

No Teatro da Ufes, ela afirma, há elevador, mas ele ficou quebrado um bom tempo. Também não há acesso ao andar de cima nem ao palco. Em sua formatura no curso de Artes Plásticas, na Ufes, no ano passado, Carlos Duarte, cadeirante há 11 anos, teve dificuldade de subir, pois não há acessibilidade.

Carlos encontra problemas também no Museu de Artes do Espírito Santo (Maes), sem elevadores ou rampas para o segundo piso. Apaixonado por exposições, ele foi na reabertura do museu e não pôde ver, por exemplo, as esculturas de Camille Claudel, que estavam no segundo andar. Também não há pisos táteis ou textos em braile.

O músico, atleta e jornalista Manoel Peçanha, 43, conta que há diversas maneiras de receber portadores de deficiência visual, como ele. É possível manter um guia para isso, ou investir em áudio-descrições.

Andrea Rocha: “o elevador do Teatro da Ufes ficou parado por muito tempo”

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Bons exemplos
Em meio a tantos maus exemplos, o Palácio Anchieta, que têm recebido importantes mostras internacionais, está no caminho certo. Na última reforma, ele foi adaptado e agora possui elevador. A fisioterapeuta Maria Regina Fonseca conta que a filha, Taís, de 19 anos, que é cadeirante, já foi ao Palácio. “Levaria minha filha com mais frequência aos espaços culturais se houvesse maior acessibilidade”.

Para além das barreiras físicas, a falta de solidariedade pode ser muito pior. Regina conta que a maioria das pessoas não ajuda, não recebe bem, o que poderia compensar, um pouco, a ausência de acesso. “Meus pais me ensinaram a nunca ligar para as pessoas que têm preconceito”, afirma Taís.

Em outros espaços, como o Teatro Carlos Gomes e do Centro Cultural Carmélia, também falta acessibilidade. Segundo Washington Sielleman Almeida, presidente da Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes), durante o festival cultural da instituição são encontrados sempre os mesmos problemas para chegar aos palcos. “As autoridades ainda não se tocaram de que esse é um investimento necessário, para uma parcela grande da população”.

Falta solução
De acordo com o gerente de Memória e Patrimônio da Secretaria de Estado de Cultura, Valdir Castiglioni Filho, existe essa preocupação por parte do Governo do Estado. Os centros culturais que estão sendo construídos atendem às determinações legais. Os antigos, porém, nem sempre podem ser adaptados com reformas, para preservar a história e a arquitetura do local, como o Teatro Carlos Gomes. “Existem outros meios de garantir acessibilidade, e com o desenvolvimento da tecnologia será possível pensar em novas soluções”.

Carlos Duarte, que adora arte, alerta que o Maes não possui rampas

Carlos Duarte, que adora arte, alerta que o Maes não possui rampas

Raio-x dos espaços
Teatro Carlos Gomes
Acesso com rampas pelas duas portas laterais. Não há acesso ao palco nem aos pavimentos superiores.

Fafi
Não tem acessibilidade, mas conta com um projeto aprovado de instalação de um elevador, sem data.

Teatro Municipal de Vila Velha
Está fechado para reforma. Está prevista a readequação do espaços interno para ter acessibilidade.

Teatro Municipal de Vianna
Possui acessibilidade para cadeirantes aos banheiros e à plateia.

Centro Cultural Carmélia
Há acesso à plateia, que conta com espaços marcados, mas não é possível chegar ao palco.

Palácio Anchieta
Na última reforma, há cerca de três anos, ganhou elevador com acesso à Sala Santiago. Só não tem acessibilidade ao subsolo.

Museu de Arte do Espírito Santo
Não tem acessibilidade ao segundo andar. Está em estudo um projeto para desapropriar o imóvel ao lado para instalar elevador e reestruturar todo o espaço do museu.

Museu Histórico da Serra
Localizado no segundo andar, conta com rampas e banheiros adaptados.

Casa do Congo
O espaço, na Serra, conta com rampas para acesso. Está em refoma para receber a próxima exposição.

Casa Porto
Está em obras para reestruturação e vai contar com acessibilidade

Cais das Artes
Está prevista acessibilidade completa, com rampas, por exemplo.

Estação Porto
O espaço, no Centro de Vitória, possui acesso a cadeirantes na entrada principal e ao palco.

Fonte: Gazeta Online

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