A acessibilidade nas melhores casas de show de São Paulo
Foram avaliadas as quatro mais importantes casas de shows e seis espaços de menor porte de dedicação exclusiva à música, que, juntos, somaram 1,5 milhão de espectadores em 1.800 apresentações no ano passado. Eles foram pinçados de um universo que comporta desde palcos minúsculos, em que semi-amadores atacam de voz e violão quase secretamente, até estádios que abandonam por algumas horas sua vocação esportiva para hospedar performances de astros do pop. Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, só em 2010 a revista publicou informações sobre 2.109 shows em 85 endereços. Houve uma seleção, que leva em conta relevância artística e popularidade e, portanto, deixa parte da programação musical de fora.
Pelos nossos critérios, não foram considerados na avaliação desta reportagem os locais destinados a grandes espetáculos a céu aberto, como o Estádio do Morumbi ou a Arena Anhembi, usados apenas esporadicamente, nem salas onde há também apresentações de outras artes, caso do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, do Teatro Bradesco, no Bourbon Shopping, e da Sala São Paulo, dedicada apenas à música clássica.
Convidamos então cinco jornalistas especializados para julgá-los ao lado do repórter e crítico de música de VEJA SÃO PAULO, Pedro Ivo Dubra. Notas de 1 a 5 foram atribuídas a sete quesitos, com pesos diferentes. A deputada federal Mara Gabrilli, tetraplégica há dezessete anos e frequentadora de espetáculos, aceitou dar um depoimento sobre a acessibilidade dos endereços com capacidade para mais de 1.400 pessoas. A avaliação de acessibilidade feita por Mara Gabrilli, teve uma nota média de 3,5.
HSBC Brasil: nota 5. A tetraplegia nunca foi obstáculo para praticar um dos meus maiores hobbies: ir a shows. Em 2005, quando fui a uma apresentação da cantora Zélia Duncan, passei por um contratempo com uma funcionária do Tom Brasil (atual HSBC Brasil) que não me deixava assistir ao espetáculo no lugar comprado. Segundo ela, eu deveria ficar no espaço reservado para “pessoas como eu”, atrás de uma coluna que me impedia de ver o palco. Hoje sou frequentadora da casa, que foi transformada em termos de acesso físico e de serviço. Os funcionários estão preparados para atender o público com deficiência desde a entrada até o fim das performances. Além disso, a visibilidade é sempre ótima.
Credicard Hall: nota 4. No último dia 17, fui a uma apresentação do Seal. Não tive problemas com relação à acessibilidade, desde a chegada ao Credicard Hall até o fim do espetáculo. Assisti ao show em pé (minha cadeira é flexionável) e fiquei bem próximo ao palco. O local é acessível: tem elevadores para todos os setores do local, estacionamento amplo e com várias vagas reservadas. Só deixa a desejar em relação ao treinamento dos funcionários, que ainda não estão preparados plenamente para lidar com esse público.
Via Funchal: nota 3. Assisti à inglesa Corinne Bailey Rae, no Via Funchal, no fim do ano passado. O lugar atende às expectativas do público com deficiência, não fosse a maneira como foi estruturada a plateia. É dividida em partes com acesso pleno, por meio de rampas, e em outras, por degraus. Neste caso, o erro do estabelecimento já ocorreu no momento da venda do ingresso. Mesmo sabendo que se tratava de uma cadeirante, venderam-me um lugar justamente no espaço em que o acesso à mesa tinha degraus.
Citibank Hall: nota 2. Em 2010, fui a um show do Ney Matogrosso com a minha amiga Leide Moreira, que tem esclerose lateral amiotrófica, uma doença progressiva que paralisa toda a musculatura. O Citibank Hall cobrou quatro ingressos da Leide por causa da maca que a transporta, alegando que ela ocuparia toda uma mesa. Eles ainda argumentaram estar dando um desconto de 50%, já que uma mesa costuma ser ocupada por oito pessoas. Toda a equipe de quinze pessoas que a acompanhou pagou ingressos. Fiquei mal acomodada no ambiente de cima da casa, e a Leide ficou embaixo. Ou seja, ainda tivemos de assistir ao show distantes uma da outra.
O resultado da classificação geral, composto pelo julgamento dos 5 convidados foi o seguinte:
OS 3 MELHORES DAS GRANDES CASAS DE SHOWS
1º lugar – Via Funchal
2º lugar – Citibank Hall
3º lugar – HSBC Brasil
OS 3 MELHORES DOS ESPAÇOS MENORES
1º lugar – Auditório Ibirapuera
2º lugar – Bourbon Street
3º lugar – Teatro Fecap
Fonte: Veja São Paulo
Compartilhe
Use os ícones flutuantes na borda lateral esquerda desta página
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
4 Comentários
Enviar um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Artigos relacionados
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
Paralimpíada de Paris 2024. A deficiência não é um limite.
Paralimpíada de Paris 2024. A cidade luz sedia o maior evento esportivo do mundo para as pessoas com deficiência.
Acho que OS 3 MELHORES DAS GRANDES CASAS DE SHOWS, está invertido. De acordo com as notas dela o espaço HSBC é o melhor em relação aos outros.
Adorei o post.
bejobejo
O resultado da classificação geral não é a opinião somente da Mara, mas de todos os avaliadores. A Mara fez o julgamento incluindo a questão da acessibilidade, visão que os outros não possuem, por isso o resultado saiu tão diferente. Mas não estava tão claro a frase explicativa, então eu alterei. Creio que agora esteja melhor.
Eu tenho baixa visão e ja tive contratempo no Via Funchal mas no HSBC sempre fui mto bem tratada.
As necessidades que existem entre pessoas com deficiência física e visual são diferentes, então a avaliação pode ser diferente. Mas todos os locais deveriam estar preparados a atender qualquer tipo de deficiência. É uma coisa para cobrarmos