SWU: deficiente que caiu duas vezes reclama de acessibilidade
A publicitária Ana Lúcia Baldan, 21 anos, está em sua segunda edição do SWU e, pela segunda vez, se diz insatisfeita com o espaço destinado aos deficientes físicos. Ela sofre de uma doença chamada paraplegia sensitiva motora de nível 4, e precisa usar muletas para se locomover. A principal queixa da publicitária é a estrutura feita pela organização do evento.”A área de deficientes é precária, não tem cobertura, caso chova, e, além disso, fica muito longe do palco, restaurantes ou bares”, disse.
Ana Lúcia alegou ter caído nesta segunda-feira (14) por causa da chuva e do material da rampa. “Eu caí duas vezes na rampa. Ela é de madeira lisa e eu uso muletas” disse.
“Eu venho por causa das bandas. A programação, realmente, é muito boa, mas toda vez que eu penso em vir em um evento desses, penso no que me espera”, falou Ana Lúcia, que disse estar recebendo um bom atendimento dos profissionais designados para ficar ao redor da área. “Esse pessoal, acho que é terceirizado, está me atendendo muito bem, inclusive me ajudando para ir ao banheiro e até a pegar comida, mas o problema é onde o espaço foi montado”, disse.
A publicitária veio acompanhada de seu namorado, André Luiz Pires, que fica ao lado da companheira, tendo que ver o show de longe. “Eu gostaria de poder levá-la comigo, para ver as bandas bem de pertinho, mas infelizmente não dá”, disse André.
Uma das estratégias utilizada por Ana é contar com a generosidade das pessoas que ficam próximas ao local destinado aos deficientes físicos. “Eu acabo pedindo para as pessoas que conheço aqui, para que elas possam pegar água ou algo para eu comer”, falou.
Com o piso molhado, Ana teve que sentar no chão para poder acompanhar a maratona de shows, já que ficar sobre as muletas acaba sendo muito cansativo. “Eu já pedi cadeiras, não só para mim, mas para as pessoas que acompanham a gente, mas não fui atendida”, disse, já completamente molhada. “Eu sei que todo mundo aqui está se molhando, mas veja o meu tênis como está. Com isso, fica ainda mais difícil me locomover”, completou.
Enquanto conversávamos com a Ana Lúcia, uma pessoa da organização do SWU apareceu e perguntou se ela precisava de algo. Ao falar da necessidade de sentar, o funcionário providenciou uma cadeira.
Apesar das dificuldades, ela relatou que houve significativa melhora em relação ao ano passado. “Olha, posso falar que melhorou sim, principalmente em relação ao atendimento das pessoas que ficam nos acompanhando. Mas acho que ainda tem o que melhorar e espero que no ano que vem a estrutura seja outra”, completou.
SWU – segunda edição de casa nova
Pioneiro no Brasil no formato festival + acampamento, o SWU ganha sua segunda edição. Em 2011, o evento acontece na cidade Paulinía, interior de São Paulo (125 km da capital), entre os dias 12 e 14 de novembro. O primeiro SWU aconteceu em outubro, na cidade de Itu, e reuniu nomes como Rage Against the Machine, Queens of the Stone Age, Kings of Leon e Linkin Park.
Assim como foi em 2010, o SWU se dividirá em quatro setores: dois palcos principais – Consciência e Energia, o New Stage e a Tenda Eletrônica. No sábado, subiram aos palcos montados no Parque Brasil 500 nomes como Damian Marley, Snoop Dogg, Kanye West e Black Eyed Peas. Entre os representantes brasileiros estiveram Emicida, Marcelo D2 e Copacabana Club.
O domingo foi marcado por uma miscelânea musical. Os palcos principais tiveram Zé Ramalho, Ultraje a Rigor, Tedeschi Trucks Band, Chris Cornell, Duran Duran, Peter Gabriel e Lynyrd Skynyrd. No New Stage, o destaque foi para os brasileiros do Sabonetes e o grupo !!!. Quem também tocou por lá foi o Modest Mouse e a veterana e polêmica Courtney Love com o Hole.
Nesta segunda-feira (14), o dia de encerramento do SWU promete ser memorável para os fãs do rock dos anos 90. Nos palcos principais se revezerão grupos como Sonic Youth, Primus, Stone Temple Pilots , Alice In Chains e Faith No More. Para os fãs do metal, o Megadeth também marcará presença. No New Stage vale ficar atento ao trio Ash, da Irlanda do Norte e ao grupo experimental canadense Crystal Castles. A banda de pop rock Simple Plan encerra as atividades do palco.
Fonte: Terra
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É sempre assim, colocam as “áreas reservadas para pessoas com necessidades especiais” no espaço que sobrar, isso SE sobrar. Primeiro, cuidam da área VIP.
É preciso trabalhar o conceito de acessibilidade em eventos, e também sua aplicação. Seja em shows, congressos, feiras, a acessibilidade é sempre muito fraca. Estamos trabalhando nisso também!
A conscientização passa pelos organizadores e também por algumas pessoas que se aproveitam dessas situações especiais em proveito próprio (tipo o caso comum das vagas de estacionamento), aí é que entra a parte da aplicação (e fiscalização). Me lembro do show do U2, tour do PopMart. Nessa época ainda não estava usando cadeira ou bengalas (hoje uso 2 bengalas), mas fui pra área “especial” (teoricamente especial…) para maior conforto (afinal arquibancada de estádio de futebol é um suplício, e não quis arriscar ir para a pista), nas cadeiras vermelhas do Morumbi. Até que o acesso foi um dos melhores, tudo plano e sem muita dificuldade (bem diferente por exemplo do Pacaembu). O problema foi depois, durante o show. Não vi absolutamente nada do show, pois a área estava 95% ocupada com pessoas “normais” que simplesmente subiam nas cadeiras para ver melhor o show. E ai de mim se tentasse pedir pra algum desses assentar… antes tivesse ido pra pista.
É o que costumamos chamar de barreira atitudinal. Havia espaço para pessoas com deficiência, porém não era respeitado. Percebemos que esse tipo de barreira, é a mais difícil de ser vencida. Quando se fala em pessoas com deficiência, se pensa muito na questão física ou estrutural, porém o fator humano é tão ou mais importante, dependendo da situação. Acho que é uma questão de amadurecimento, aos poucos vamos conquistando uma forma de pensar e agir melhor