Acessibilidade em Motéis. Porque pessoas com deficiência também fazem sexo.
A acessibilidade está em evidência nos dias de hoje. E nos motéis não poderia ser diferente. As pessoas com necessidades especiais já encontram estabelecimentos adaptados às suas condições e podem desfrutar de momentos com tranquilidade e segurança, como propõe o Fidji Motel, de Olinda (PE). O local conta com uma suíte específica para esse público, elaborada nos mínimos detalhes. Trata-se de um espaço amplo, térreo, sem degraus desde a garagem. O espaço é grande o bastante para a circulação de cadeira de rodas. No banheiro, há barras de apoio e o chão é antiderrapante, visando a segurança dos usuários. Além disso, as mesas e a cama têm alturas adequadas para as pessoas com deficiência. Tudo sem deixar de lado o conceito cinco estrelas utilizado em toda a concepção do motel: da fachada até as instalações, passando pela decoração elegante e o serviço oferecido aos hóspedes.
É óbvio, porém, que é muito delicada a situação de quem passou pelo trauma de perder a mobilidade num acidente, por exemplo. Existe todo um processo de recuperação, retomada da rotina, que não será mais a mesma, além da aceitação da nova situação. A partir desse estágio, a pessoa passa a procurar formas de satisfazer suas necessidades para se sentir inclusa novamente na sociedade. E há muita gente que já superou essas barreiras e até tira certas vantagens da situação, de forma engraçada e com muito alto astral, provando que o ser humano é capaz de transpor muitos obstáculos.
Afinal, um cadeirante com lesão medular, tem vida sexual? Faz sexo? “Faz. Ele às vezes tem sensibilidade. Pode chegar ao orgasmo, mas não necessariamente pelo ato sexual em si, pela penetração. O que ocorre é que esse indivíduo vai desenvolver outras áreas erógenas de estimulação”, explica a médica especialista em reabilitação da Unifesp, Rosane Chamlian.
Segundo a publicitária Juliana Carvalho, de 28 anos, cadeirante desde os 19 anos, além da ausência de sensibilidade, nas mulheres há também o fato do déficit de lubrificação. Para ela, a questão do espelho em motéis, é algo bastante importante para os cadeirantes. “Com ele dá para explorar as partes que não se sente. O estímulo visual ganha uma atenção especial. Falar coisas sensuais também atiça os ânimos. Conseguimos ter orgasmo mesmo sem sentir os órgãos sexuais, é possível atingir o clímax, sim”, garante.
O proprietário do Swing Motel em São Paulo, Felipe Rua orienta que para o uso dessa suíte é preciso que o casal faça uma reserva prévia, pois só há uma suíte com esses diferenciais e a procura é grande. O Motel Aquarius, do Rio Grande do Sul, também tem unidades adaptadas com acesso para cadeira de rodas. Quanto ao novo motel da mesma rede, que ainda está em construção na cidade de Caxias do Sul, Ademar Lazzarotto, sócioproprietário, diz que adaptará duas suítes. “Temos recebido pedidos de reservas para a suíte seguidamente”.
Os cadeirantes agora terão mais facilidade para encontrar suítes adaptadas no site Guia de Motéis. Os estabelecimentos que oferecerem instalações adequadas serão relacionados quando o quesito for solicitado na busca. Segundo a redação da Revista Moteleiro, alguns motéis já atendem as necessidades dos cadeirantes no Brasil. Eles estão dentro da lei e obtêm ótimos resultados. Não faltam leis e demanda de mercado. O que também não pode faltar é consciência.
O arquiteto Ricardo Freire, diz que a adequação dos motéis ao padrão da lei é obrigatória e quem não cumpre as determinações corre o risco de ter seu alvará cassado. “Para o proprietário de motel vale muito a pena investir nas adaptações. Os cadeirantes são também consumidores em potencial e cada vez mais procuram locais onde conseguem unir diversão e comodidade. Ao adaptar as suítes, o empresário só tem a ganhar”, afirma.
Alexandre Gonzalez Alonso, sócioproprietário do motel paulistano Belle afirma que vai adaptar suítes para cadeirantes. Eles tiveram uma denúncia de acessibilidade e atenderam de pronto a obrigatoriedade. “Estive em reunião com o promotor e nosso arquiteto para levar um projeto de adaptação, o qual já foi aprovado. Executaremos as reformas em breve e vamos trabalhar com uma divulgação em massa para atrair este público, que não é pequeno.”, afirma.
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