"Essa vaga não é sua nem por um minuto". Campanha pelo respeito à sinalização para Pessoas com Deficiência
Qual a medida para a tolerância e o respeito? Se o respeito é o mínimo necessário para convivermos em sociedade, quanto mais o tivermos, melhor para nós e para os outros. Certo? A regra é aquela: você respeita o que é meu (meu espaço, meus direitos, até as minhas ideias) e eu respeito o que é seu. Quanto melhor preservarmos essa relação, mais fácil fica conviver.
Logicamente, a convivência em sociedade depende de muito mais do que uma simples regra com essa. No entanto, quando nem essa relação é possível, fica difícil imaginar se respeito e tolerância são mesmo possíveis.
Um episódio envolvendo uma deficiente física em um estacionamento de supermercado de Curitiba colocou, na ordem do dia, essa questão. Resumidamente: uma mulher estacionou seu carro em uma vaga destinada para deficientes. Uma cadeirante estava no local e observou a cena. Ela quis alertar a motorista, que a ignorou e entrou no supermercado. Ao voltar, a cadeirante ainda estava ali. Ela fez uma nova observação para a motorista que, dessa vez, agrediu verbalmente a deficiente e, por pouco, não a atacou fisicamente. O supermercado não se posicionou a respeito, nem quanto à cliente que estacionou indevidamente, nem sobre o incidente de quase violência no seu estacionamento. A Diretoria de Trânsito de Curitiba foi acionada, mas representantes do órgão só apareceram uma hora depois de todo o incidente.
Se imaginarmos que a história toda acabou sem uma solução, como tantas outras, estaremos equivocados. A indignação da cadeirante ganhou nome e um rosto: Mirella Prosdócimo, empresária curitibana, sócia de uma empresa que presta consultoria para garantir a inclusão de pessoas com deficiência e tetraplégica desde os 17 anos. Mirella arregimentou um apoio que não parou de crescer desde então e resultou no movimento “Esta vaga não é sua nem por um minuto”, que pretende esclarecer questões ligadas à inclusão, levando informações para o público. Um exemplo: as vagas destinadas aos deficientes são maiores do que as vagas comuns para a movimentação de uma cadeira de rodas de dentro para fora do carro. Elas também estão próximas às entradas e saídas dos estabelecimentos para facilitar o deslocamento das pessoas com deficiência.
Parece lógico que essas medidas sejam adotadas e respeitadas, mas nem sempre foi assim. A obrigatoriedade de adaptações de acessibilidade para deficientes é uma realidade que tem pouco mais de dez anos – quando o governo federal promulgou a Lei n.º 10.098, que estabelece normas gerais e critérios para a promoção da acessibilidade no espaço urbano, locais coletivos e nos estabelecimentos comerciais.
Ao que parece, se a regra do mínimo comum – o que vale para mim, vale para você – já é difícil entre pessoas iguais, quando há uma relação de diferença, entre uma pessoa “normal” e um deficiente, por exemplo, ela tende a desaparecer. É o puro descaso.
De acordo com o Censo 2000, pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida representam 14,5% da população brasileira. É uma parcela grande, mas que precisa levantar a voz para ter seus direitos reconhecidos e o respeito dos outros 85,5% da população. O “Esta vaga não é sua nem por um minuto” traz essa percepção e tem conquistado centenas de adeptos na internet. Isso prova que, se não todas, muitas pessoas querem uma nova conduta coletiva que seja mais respeitosa, responsável, educada e tolerante.
O episódio com Mirella é mais do que apenas um exemplo de descaso. É também a comprovação de que os deficientes físicos têm uma capacidade imensa de contribuir com a sociedade, diferente do que muitos possam pensar, pois em pouco mais de duas semanas ela foi capaz de criar um movimento social em torno desta causa. Fez com que a sociedade olhasse para um problema que, talvez, não tivesse sido percebido em sua complexidade antes. O movimento encabeçado por ela é uma excelente chance de todos evoluirmos como cidadãos.
Fonte: Gazeto do Povo
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Tive o privilegio em conhecer a Mirella pessoalmente em cursos aqui na FIEP Curitiba, conheço a empresa e pessoas que trabalham com ela e sei do seu esforço para que as pessoas com deficiência tenham seus direitos (e deveres) assegurados. Este é um côro que eu quero engrossar, porque muito se fala em acessibilidade aqui em nossa cidade mas, ainda a mentalidade das pessoas precisa sofrer uma metamorfose.
Recentemente eu estava em frente ao predio do jornal Gazeta do Povo e um motorista com sua luxuosa pick up estacionou exatamente em cima da faixa elevada que era o único local para atravessar a rua com a minha cadeira, dei um jeito, desci com a ajuda da minha prima de 13 anos
Cheguei no estacionamento do jornal para perguntar se por acaso o motorista estava por ali mas, não souberam me informar, pedi papel e caneta e deixei um bilhete no para-brisa da pickup: “Caro motorista, de onde você vem é normal estacionar na faixa de pedestres tirando o acesso, a liberdade de ir e vir das pessoas? Tenha mais atenção pois o seu direito acaba onde termina o meu”.
Eu realmente espero que além de raiva ele tenha também sentido vergonha e mude o seu comportamento.
Beijos e abraços.
Leia-se: O seu direito acaba onde começa o meu e não “O seu direito acaba onde termina o meu”.
Beijos e abraços
Certa vez comente com uma amiga americana que as pessoas nos Estados Unidos respeitam mais a vaga reservada à pessoas com deficiência. ela respondeu que nisso não era respeito, e sim pavor de levar uma multa que tomaria praticamente 3 meses de seu salário, e onde a fiscalização é rigorosa. Precisamos colocar essa prática no Brasil
Infelizmente as leis aqui no Brasil não funcionam porque não tem puniçâo. Por isso agente tem que ficar chato e cobrar nossos direitos o tempo todo. Mas sabe Ricardo! Felizmente parece que o funcuinamento do transporte publico adaptado aqui no Rio esta começando a melhorar… Alguma coisa aconteceu! Mais uma vez obrigado. beijos
O Rio de Janeiro é um destino que deve ser bem trabalhado, a Turismo Adaptado está com projetos para a cidade. Algumas visam o turismo especificamente, mas outras envolvem a infra-estrutura de forma mais ampliada. No transporte, eu considero que a questão das vagas reservadas para estacionamento também fazem parte
Eu acho que a questão da acessibilidade aqui no Rio esta bem atrazada em todos os sentidos… Só vejo acessibilidade aqui nos lugares turisticos e shoppings. Mesmo assim poucos respeitam estacionamentos e banheiros. grande abraço
O Rio de Janeiro está muito atrazado, até pela importância que a cidade tem para o turismo e também para o Brasil como um todo, deveria estar muito melhor. Agora, teoricamente a cidade deve melhorar muito para os grandes eventos, mas sinceramente tenho minhas dúvidas se tudo isso não será passageiro