O Escafandro e a Borboleta. Uma história real sobre a Síndrome do Encarceramento.

por | 30 jul, 2019 | Turismo Adaptado | 2 Comentários

Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, é editor da revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um acidente vascular cerebral. Vinte dias depois, ele acorda. Ainda está lúcido, mas em consequência desse ataque, Jean-Do, como era chamado, desenvolveu uma síndrome rara, denominada síndrome do encarceramento, a qual deixou seu corpo totalmente paralisado.

Ele só podia movimentar o olho esquerdo. Bauby se recusa a aceitar seu destino. Aprende a se comunicar piscando letras do alfabeto, e forma palavras, frases e até parágrafos. Cria um mundo próprio, contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua memória.

A Síndrome do Encarceramento, ou Síndrome de Locked-In (LIS), é uma doença neurológica rara em que ocorre uma paralisia completa dos músculos do corpo, com exceção das pálpebras e dos músculos que controlam os movimentos dos olhos.

É o estado em que o paciente não consegue se comunicar, embora esteja consciente e consiga pensar e raciocinar. O paciente fica, literalmente, preso dentro do seu próprio corpo, sem conseguir falar ou se movimentar. Isso pode acontecer devido a sequelas após uma lesão cerebral traumática, sobredosagem de medicamentos, esclerose lateral amiotrófica, traumatismos cranioencefálicos ou mesmo a meningite.

A síndrome pode ser conhecida tecnicamente como Síndrome da Pontina Ventral ou Síndrome de Locked-In (LIS), que significa trancado dentro. Isso porque as informações que o cérebro emite para o corpo não são captadas pelas fibras musculares e o corpo não responde às ordens. A comunicação pode se fazer apenas com piscar dos olhos, como no caso de Jean-Dominique Bauby (1952 – 1997), ex-editor da revista Elle.

Após um AVC que o deixou tetraplégico e sem conseguir falar, escreveu o livro O Escafandro e a Borboleta com um método desenvolvido por sua fonoaudióloga: enquanto letras do alfabeto eram recitadas lentamente na ordem decrescente de frequência na língua francesa, o paciente piscava a pálpebra esquerda quando a letra que queria era dita.

Assim, ele “ditava” à pessoa que tomava notas todo o livro, não apenas palavra por palavra, mas ainda letra por letra. A partir de algum tempo, a assistente já deduzia palavras e frases inteiras com as primeiras poucas letras. Bauby teve de compor e editar o livro inteiramente em sua cabeça. O livro foi publicado na França em 1997. Bauby morreu apenas dez dias depois, em conseqüência de uma pneumonia.

Ele foi enterrado no jazigo de família no Cemitério Père-Lachaise, em Paris. Em 2007, o pintor e cineasta Julian Schnabel lançou o filme Le scaphandre et le papillon, adaptado do livro O Escafandro e a Borboleta. O filme estrela o ator francês Mathieu Amalric como Bauby e rendeu a Schnabel o troféu de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2007, um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor.

Para auxiliar as pessoas que sofrem da Síndrome do Encarceramento de se comunicar, foi desenvolvido o programa de computador chamado Dasher, que é associado a um processo que rastreia as piscadas. Dasher é um software que permite os usuários escreverem sem utilizar o teclado. Pode ser adaptado para ser usado com o mouse convencional, touchpad, touch screen, roller ball, joystick, Wii Remote ou até mesmo mouses operados pelo pé ou cabeça.

É comumente utilizado por pessoas que possuem algum tipo de deficiência e se encontram impossibilitadas de utilizar o teclado. Dasher está licenciado sob a GPL (Licença Pública Geral). Ele está disponível para várias plataformas, incluindo Mac OS, Microsoft Windows , Pocket PC e Unix-like sistemas operacionais com suporte a GTK. Dasher foi inventado por David J. C. MacKay e desenvolvido por David Ward e outros membros do MacKay’s Cambridge research group. O projeto Dasher é apoiado pela Fundação de Caridade Gatsby.

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2 Comentários

  1. Maria João Marques

    extraordinário haver já disponível este método para quem necessite dele.
    De um dia para outro pode ser um de nós.

    • Ricardo Shimosakai

      A deficiência geralmente é uma surpresa, causada por acidente, arma de fogo, doença ou outros motivos. Mesmo quando você nasce com a deficiência, é uma surpresa. Até mesmo para aqueles que tem um parente ou amigo com deficiência, sempre se surpreendem quando acontece com ele mesmo. E são milhões os casos. Precisamos incluir mais as pessoas com deficiência na sociedade, pois com a convivência, essa surpresa não será tão negativa. Tomando como um exemplo, a notícia que você vai precisar usar óculos.

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