Salto adaptado de paraquedas em Boituva
Essa foi uma das primeiras aventuras que eu, Ricardo Shimosakai fiz depois de adquirir a deficiência e me tornar cadeirante. Um grupo de amigas me convidou, para ir até o Centro Nacional de Paraquedismo localizado em Boituva. Foi uma das aventuras mais emocionantes que eu já fiz, realmente inesquecível.
Considero que o perigo da atividade é mais uma lenda do que outra coisa. Tudo passa por inspeções de segurança rigorosas. Já aconteceram acidentes, mas isso é estatisticamente difícil, e a imprensa exagera no drama quando isso acontece. Eu costumo brincar, que andar de carro é muito mais perigoso, pois as regras de segurança são constantemente infringidas, e como consequência muitos acidentes acontecem, resultando em centenas feridos e mortos.
Também conhecido como queda livre, ele é feito em duplas, com um instrutor especialmente treinado para isso. Primeiro você precisa colocar um macacão próprio para o salto, onde terão locais que conectarão você ao instrutor através de mosquetões de segurança. Foi difícil vestir, mas com ajuda da equipe e das colegas deu tudo certo. Depois disso, um breve treinamento para saber como se portar na saída do avião, durante a queda e no pouso.
No meu caso, a escola de paraquedismo amarrou minhas pernas com uma corda, para que ela ficasse ligeiramente flexionada. Isso foi uma medida de precaução, pois quando o paraquedas se abre, é uma puxada muito forte, e com isso, como não tenho os músculos das pernas ativos, poderia causar alguma distensão.
Em seguida é encaminhado para um aeroplano monomotor, daqueles com hélice, adaptado para saltos de paraquedas. Dentro da aeronave não tem poltronas, é um espaço livre, tem uma porta grande com barras para se segurar antes da queda.
O avião decola e sobe até uma altura de 12 mil pés, aproximadamente 3,7 quilômetros. A porta é aberta, e essa é a parte em que seu coração que já estava acelerado, começa a disparar. Meu salto foi filmado, então havia mais um outro paraquedista para fazer o registro.
Eu junto com meu instrutor, e o cinegrafista, nos posicionamos na beirada da porta. A pessoa com a câmera salta primeiro, para registrar minha saída, e daí logo em seguida vamos nós. A partir daí o nervosismo passa e é só curtição. A distância pode parecer grande, mas a queda é muito rápida, aproximadamente 50 segundos, mas muito marcantes.
Você salta segurando parte das cintas, e quando já está em queda livre, o instrutor dá umas batidas no seu ombro, que é o sinal que já pode soltar os braços. Você vai caindo até uma altura de segurança, quando então o paraquedas é aberto. Ele dá um tranco forte, pois serve como se fosse um freio. Dai em diante a descida é mais suave até chegar ao chão. A suavidade do pouso depende da habilidade de cada instrutor, o meu foi super suave.
Se você percebeu, a adaptação material foi mínima, foi só a corda para amarrar as minhas pernas. A adaptação mais importante foi da equipe, em me ajudar a vestir o macacão, me colocar dentro da aeronave, na queda livre e depois na recepção em solo. Um exemplo de que tudo é possível, e não necessariamente a adaptação irá custar muito dinheiro ou será demorada. Com profissionais capacitados para orientar as adaptações, tudo pode ser mais simples do que parece.
Compartilhe
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
2 Comentários
Enviar um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
Paralimpíada de Paris 2024. A deficiência não é um limite.
Paralimpíada de Paris 2024. A cidade luz sedia o maior evento esportivo do mundo para as pessoas com deficiência.
MUITO INCRÍVEL, AMEI O SALTO DE PARAQUEDAS!!
Foi uma das aventuras mais emocionantes que eu já fiz!