Cidadã deficiente angolana impedida de viajar para Lisboa por não cumprir regras segurança

por | 17 fev, 2011 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Uma cidadã deficiente angolana foi impedida de viajar de Luanda para Lisboa num avião da TAP por não cumprir normas internacionais de segurança, como ter um acompanhante ou uma autorização médica para viajar sozinha, e resolveu fazer uma denúncia.

Carla Luís, coordenadora do programa de integração de crianças, jovens e mulheres portadoras de deficiência da organização não governamental Liga de Apoio à Reintegração dos Deficientes (LARDEF), pretendia fazer escala em Lisboa e viajar depois para Londres, onde tem uma reunião de trabalho, quando lhe foi pedido para abandonar o avião, disse à agência Lusa Ivo de Jesus, diretor-executivo da LARDEF.

“Ela (Carla Luís) já se encontrava dentro do avião quando o comandante da aeronave a impediu de viajar por falta de autorização médica e de um acompanhante”, explicou Ivo de Jesus. Segundo o responsável, o comandante da TAP alegou estar “apenas a basear-se nas normas internacionais sobre a segurança de passageiros”.

“Estive agora a consultar essas normas e elas são contrárias à atitude tomada por ele. Não é a primeira vez que ela viaja e tal nunca aconteceu”, garantiu. Contatado pela Lusa, o porta-voz da TAP, António Monteiro, confirmou que Carla Luís foi impedida de viajar na quinta-feira de Luanda para Lisboa por não respeitar as normas internacionais.

“Em circunstâncias destas, os passageiros têm de viajar com um acompanhante ou com uma autorização médica a dizer que podem viajar sozinhos. São regras de segurança que têm de ser cumpridas e a tripulação cumpriu-as”, afirmou. De acordo com António Monteiro, a passageira “não deveria ter sido aceita pelo check-in sem a sua situação ser verificada, porque se o problema tivesse sido detectado haveria tempo para tratar de tudo e não teria chegado a tanto”.

“São situações que a TAP lamenta, mas que não são da sua responsabilidade direta. Se tudo fosse detectado a tempo, o problema podia ter sido resolvido”, sublinhou. Quanto às declarações do diretor-executivo da LARDEF de que Carla Luís já viajou outras vezes sem quaisquer problemas, o porta-voz da TAP disse que “as transportadoras podem ignorar as regras”.

A confusão criada no aeroporto, já que Carla Luís se recusou a sair da aeronave, levou à intervenção de funcionários da transportadora aérea angolana TAAG, que tentaram convencer o comandante da TAP a fazer o vôo com a cidadã angolana a bordo, mas sem êxito. Entretanto, Ivo de Jesus disse que Carla Luís já se encontra em Londres, depois de ter seguido no mesmo dia, para Lisboa, num avião ao serviço da TAAG.

“Foi graças ao bom senso do chefe de escala da TAP que ela conseguiu viajar para Lisboa a bordo de um avião ao serviço da TAAG, três horas depois do sucedido”, frisou. De acordo com o diretor-executivo da LARDEF, devido ao atraso, a sua colega pernoitou em Lisboa, tendo chegado hoje à capital inglesa.

“Prova de que o senhor agiu de má fé, o tratamento a que a Carla foi submetida em Lisboa pelos funcionários da TAP foi totalmente diferente, o normal dado às pessoas deficientes”, salientou. A coordenadora do programa de integração de crianças, jovens e mulheres portadoras de deficiência da LARDEF está em Londres para apresentar um projeto à sua congénere inglesa Desability Development Partner.

Carla Luís, a quem foram amputadas as duas pernas na sequência da explosão de uma mina, deverá permanecer em Londres durante três dias, seguindo depois para Lisboa, onde tem programado um encontro com o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, Humberto Santos.

“Apesar do fato acima descrito ter ocorrido em setembro de 2007, é um assunto recorrente e que vale a pena ser relembrado”, comenta Ricardo Shimosakai.

Fonte: Expresso

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