Trânsito com segurança. Não deixe que seu carro te leve para uma viagem sem fim

por | 26 dez, 2010 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

No início do ano, as chuvas em Angra dos Reis, no estado do Rio, mataram 52 pessoas, uma tragédia que comoveu o país. Mas existe outra tragédia, que parece invisível, mas que mata o dobro de brasileiros a cada dia. São pelo menos cem pessoas que morrem diariamente nas ruas e estradas do país em acidentes de trânsito.

O período de férias onde diversas pessoas aproveitam para pegar a estrada e viajar, o índice de acidentes de trânsito aumentam significativamente, principalmente nas estradas. No período de 19 de dezembro de 2009 a 3 de janeiro de 2010, ocorreram nas estradas brasileiras 8.882 acidentes, que resultaram em 445 mortos e 5.693 feridos. De acordo com balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) houve aumento de 4% no registro de mortes. Segundo o Departamento Nacional de Veículos (Denatran), o aumento em 7% da frota de veículos do País e o excesso de chuvas que castigaram as regiões Sul e Sudeste fizeram com que essas regiões fossem responsáveis por dois terços dos acidentes nacionais.

A Clínica de Lesão Medular da AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente – divulga pesquisa que aponta os acidentes de trânsito como a primeira causa de lesão medular. Os dados dizem respeito ao ano de 2008. Segundo o levantamento, foram atendidos 195 pacientes entre adultos e crianças. Destes, 77,4% tiveram lesões traumáticas (acidentes de trânsito, tiro, quedas, por exemplo) e 22,6% lesões não traumáticas (tumores, infecções, acidentes vasculares, por exemplo). Dentre os números de vítimas de lesão medular por acidentes de trânsito, os acidentes com moto lideram o ranking com 43,6% dos casos, seguidos pelos acidentes de carro que representam 36,4%, atropelamento 12,7%. Acidente com bicicleta e acidente com caminhão somam 7,2%.

Veja as cinco principais causas dessa matança, apontadas por pesquisadores e órgãos públicos: álcool, cansaço, desrespeito à sinalização e imprudência, excesso de velocidade e impunidade e falta de fiscalização

Álcool

Os estudos mais recentes mostram que em 61% dos acidentes de trânsito, o condutor havia ingerido bebida alcoólica. Uma capacidade indispensável ao motorista é prejudicada pelo consumo de bebida alcoólica: a percepção. O condutor que insistir em se embebedar e depois dirigir, corre o risco de sofrer diminuição dos reflexos e terá predisposição a acidentes de todo o tipo – que podem ir de um tropeço a um acidente automobilístico.  As estatísticas mostram um resultado de 28 mil mortos por ano e 199 mil feridos causados por motoristas sob influência do álcool.

Um ano e meio depois de entrar em vigor, a Lei Seca produziu resultados fortes no Rio de Janeiro, onde a fiscalização é constante. Em 2009, o número de mortos e feridos no trânsito do Rio de Janeiro caiu quase 30% – foram 3.700 vítimas a menos.

Em um bairro boêmio de Tóquio, todas as noites, principalmente depois da meia-noite, há muito movimento. As pessoas saindo dos bares, as ruas lotadas, mas praticamente só tem táxis. Os japoneses bebem, mas não se arriscam a dirigir. É que as leis são extremamente rigorosas. Quem dirigir depois de alguns goles pode pegar cinco anos de cadeia. Os acompanhantes podem ficar presos por até três anos. Resultado: as mortes no trânsito no Japão caem há nove anos seguidos. Em 2009 morreu mais gente andando de bicicleta no Japão do que em acidentes com motoristas bêbados.

Cansaço

“É muito comum, em um feriado prolongado, por exemplo, a gente ver a pessoa que passou o dia inteiro trabalhando, chega em casa, junta a família, já está esgotada, bota toda a tralha dentro do carro e depois vai pegar horas de trânsito. As consequências vão aparecer. Fora aqueles que trabalham na estrada, que vivem em regime de escravidão”, afirma o especialista em trânsito Rodolfo Rizzotto.

“Paro para descansar umas duas horas, duas horas e pouco. E volto a dirigir por umas 17 horas, 18 horas sem parar”, admite o caminhoneiro Adelmo Jung.

Sonolência e cansaço causam 30% das mortes no trânsito no Brasil anualmente. Um estudo realizado pelo centro de estudos e psicobiologia, revela que o motorista que dirige por 8 horas sem parar, cochila em média uma vez a cada 60 minutos.

Desrespeito à sinalização e imprudência

São diversas as causas de imprudência que acabam causando graves acidentes. Desde utilizar telefones celulares, mesmo em modo viva voz, assistir televisão a bordo, ouvir aparelhos de som em alto volume, transportar animais soltos e desacompanhados no interior do veículo além de dirigir fumando ou somente com das mãos ao volante são alguns do fatores que acabam tirando nossa concentração, mesmo que seja por alguns segundos, mas que podem valer uma vida.

“Quem provoca a morte, o acidente com morte, em regra, é a imprudência do motorista: 4% apenas das mortes que acontecem no país em rodovias federais aconteceram em estradas esburacadas. E 96% das mortes acontecem em pistas com trecho bom”, avalia Alexandre Castilho, inspetor da Polícia Rodoviária Federal.

No Japão, o índice de mortes por cem mil habitantes é de 4,72. Na Alemanha, 5,45; França, quase 7; Itália, 8,68. Nos Estados Unidos, o índice passa de 12. No Brasil, salta para 17. Os números em outros países nem sempre foram bons. As melhoras foram conquistadas.

Excesso de velocidade

Um teste com um radar móvel mostra como os motoristas são imprudentes quando acham que não estão sendo vigiados. Em uma avenida da Zona Oeste do Rio de Janeiro, os carros reduzem a velocidade, alguns até em cima da hora, quando se aproximam do radar fixo. Depois, posicionamos o radar 500 metros adiante. Passado o risco de multa, todos aceleram.

“O motorista acelera mais ainda, que é para compensar aquele período que perdeu, aquele espaço de tempo que ele diminui a velocidade e causando mais riscos de acidente na frente”, diz Médici.

Nos últimos seis anos, o número de mortos nas rodovias italianas caiu 46%. Na França, diminuiu 44%. Na Itália, foram espalhadas câmeras especiais que medem a velocidade média dos carros e colocado muito asfalto antichuva, que evita a derrapagem. Na França, além das câmeras que flagram o excesso de velocidade, foi feita uma grande campanha de conscientização. Nos dois países, o limite de velocidade é de 130 km/h.

Um dado espantoso vem da Alemanha: o número de mortos nas estradas em 2009 foi o mais baixo desde 1950. Isso em um país que não tem limite de velocidade em 45% das rodovias. As razões são a excelente qualidade das pistas e o extremo respeito dos alemães pela sinalização.

Impunidade e falta de fiscalização

Juliana, uma garota de 15 anos, foi morta em uma via expressa em Florianópolis. O carro no qual ela estava com o namorado foi atingido por outro, que disputava um racha. Levados a júri popular, os dois rapazes foram os primeiros, na história do Brasil, a ir para a cadeia condenados por crime de trânsito. O principal fator responsável pela condenação neste caso foi a mobilização popular. A participação da população em atos públicos, mostrando indignação e também exigindo a punição dos culpados. Punir é uma forma de educar. No trânsito, nós temos que punir para educar. Mas a cadeia para criminosos do trânsito ainda é rara no Brasil.

“É recurso mais recurso, ficam cinco anos no processo, e quando vai a julgamento, aí você tem que pagar cem cestas básicas; matou cinco pessoas de uma família, e ele paga isso aí, cem cestas básicas, e está solto”, critica Médici.

A cada ano, cerca de 1,5 milhão de americanos são presos por dirigirem embriagados, perdem a licença e, se tiverem antecedentes, vão para cadeia. No estado de Nova York, a pena de prisão é automática se houver alguma criança no veículo. Desde 1980, quando as primeiras leis contra os motoristas embriagados foram adotadas, o número de mortes causadas por eles caiu pela metade.

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Fonte: Fantástico

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