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Oktoberfest São Paulo

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Oktoberfest São Paulo

A Oktoberfest São Paulo é o maior festival da cultura alemã no estado de São Paulo, acontece todo ano no mês de outubro, seguindo as conhecidas Oktoberfest de Munique e de Blumenau. A gastronomia é um dos pontos fortes, onde são servidas cerveja de diversos estilos, além dos famosos pratos como joelho de porco, chucrute e a enorme variedade de salsichas. Diversas apresentações de dança e música típicas, com artistas e funcionários vestindo tradicionais trajes alemães animam a festa, além da área com brinquedos e jogos que animam crianças e adultos.

A idéia da acessibilidade e inclusão na Oktoberfest São Paulo, veio na edição de 2018, quando eu conversei com a organização do evento, e fiz uma proposta para visitar o evento para avaliar a estrutura e serviços voltados para a acessibilidade.

Era a segunda edição do evento em São Paulo, que foi realizada no espaço do Sambódromo do Anhembi. Fui analisando passo a passo da jornada de um visitante com deficiência, passando por todas as experiências que o evento tinha a oferecer.

Foram inúmeros problemas encontrados, pois a Oktoberfest São Paulo não tinha sido planejada para receber pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, mesmo sendo um segmento de público potencial muito grande, além das leis e normas que garantirem o direito de acesso.

Desafios

  • rOferecer acessibilidade em todos os locais e equipamentos do evento
  • rPlanejar um atendimento e operação inclusiva para todos os tipos de público
    • rDivulgar a informação sobre a acessibilidade do evento nos diversos meios de comunicação
    • rAdaptar estrutura existente do evento anterior para as necessidades deu um evento acessível e inclusivo

    Soluções

    • RInformação sobre a acessibilidade da Oktoberfest São Paulo foi colocada no site principal do evento, nas redes sociais e repassadas para a imprensa
    • RAtendentes foram instruídos a tirar dúvidas sobre a acessibilidade do evento ou na venda do ingresso pelo telefone, e também as bilheterias do local foram construídas com acessibilidade
    • RRampas com inclinação e passagem suave foram colocadas em todo o local, sendo possível frequentar todos os ambientes
    • RBanheiros químicos acessíveis foram colocados em pontos estratégicos, uma vez que não havia banheiros suficientes para atender uma demanda de visitantes
    • RAs mesas e cadeiras eram coletivas e longas, então em todas elas foi estudado um posicionamento para que as pontas tivessem espaço livre, pois assim cadeiras de rodas e carrinhos de bebê poderiam ser posicionados. Outra opção também foi dividir o banco único e comprido para que pudesse haver um espaço vago, e também a substituição deste banco por cadeiras individuais.
      • ROs Food Trucks originalmente não tem acessibilidade, então a adaptação foi pela orientação de um atendimento diferenciado, onde o atendente desce do carro com cardápio, faz o processo de pagamento e depois leva a comida na mesa.
      • RA operação dos Food Trucks foi adaptada, para ter um atendimento na coleta do pedido e entrega do alimento na parte inferior ao invés do balcão do veículo
      • RAdaptação no acesso ao palco para artistas com deficiência, e alcance visual do palco, livre para espectadores de qualquer ponto da platéia. Em 2019 Herbert Vianna foi um dos artistas.
      • RBalcões com acessibilidade e preferência no atendimento foram instalados e conceituados nas bilheterias, restaurantes, lojas e espaços de diversão.
      • RÁrea de jogos e brinquedos foram estruturados com acessibilidade. A roda gigante da edição de 2019 tinha cabines acessíveis para cadeirantes.

      Já no final da visita, conversei Walter Cavalheiro Filho, idealizador e promotor da São Paulo Oktoberfest, e apontei algumas das melhorias que deveriam ser feitas. Como o evento é praticamente todo montado próximo à data escolhida, então se nas próximas edições a acessibilidade estivesse presente no planejamento, não haveria custos e trabalhos além do que já estaria sendo feito para o evento na forma convencional.

      Percebendo as vantagens de ser acessível e inclusivo, que vão além das obrigações que teriam que cumprir, Walter prometeu que as próximas edições teriam acessibilidade, e que me chamaria para fazer parte do planejamento e da execução.

      E assim a promessa foi cumprida, e semanas antes do evento, quando este começava a tomar forma, entraram em contato e as conversas com diferentes responsáveis do evento, começaram a acontecer. Um planejamento geral do evento me foi passado, com a planta de toda a estrutura, serviços que seriam prestados, atrações envolvidas, setores de alimentação, tudo isso num espaço novo, que na edição de 2019 seria no Jockey Clube de São Paulo.

      A estrutura seria bastante parecida com a edição anterior, então como eu já havia visitado o evento, tinha uma ideia muito boa de como seria, e das melhorias a serem feitas.

      Grande parte da estrutura do evento, ficou numa parte de grama do Jockey Clube. Para não danificar essa área, e proporcionar uma melhor mobilidade dos visitantes, um piso feito de placas de plástico rígido, que se encaixam para dar firmeza, foi colocado por cima dessa parte de grama. Dessa forma, o piso fica com um desnível, e para dar acesso à ele, foram colocadas rampas em diversos pontos, que ficassem próximas uma da outra, para que o visitante tenha sempre uma opção de entrada ou saída visível, com material, tamanho e inclinação adequados.

      A orientação ao público, é sempre comprar os ingressos pela internet, pois evita filas além de ser acessível. Mas caso seja necessário usar a bilheteria, elas foram feitas com uma parte para fila preferencial, e com uma altura acessível. E sempre, a orientação que passei, é para caso ainda surja alguma dificuldade, que o funcionário possa atender a pessoa do lado de fora, com hospitalidade e formas de pagamento sem fio.

      Havia locais de entrada e saída específicos, porém como a entrada principal, devido à própria estrutura do Jockey Clube, poderia apresentar dificuldade para algumas pessoas, então o portão de saída, mais acessível, ficou como uma alternativa de acesso para pessoas com algum tipo de limitação de locomoção.

      Toda a área do evento tinha um bom espaço para livre circulação, então a única coisa que poderia dificultar um pouco é a aglomeração de pessoas. Mas isso é normal e inevitável, e além disso, o visitante que vai a um evento desse tipo, sabe que ele tem essa característica. De qualquer forma, o público costuma ser gentil, quando vê uma pessoa com deficiência tentando passar. E para facilitar, existem alguns serviços e locais preferenciais.

      O espaço do evento é aberto para vários food-trucks, aqueles restaurantes sobre rodas, onde se adapta uma van ou caminhão com uma cozinha para preparar os alimentos. A estrutura dos veículos utilizados, não permitem que eles sejam muito baixos. Então nessa hora, o que mais vale para um bom atendimento é a hospitalidade. Orientações foram passadas para que, caso uma pessoas em cadeira de rodas ou com baixa estatura se dirija ao local, que ela seja atendida embaixo, e não de cima do food-truck. E depois também, caso seja preciso, auxiliar para levar o alimento até uma mesa. Simples e prático.
      As mesas para alimentação, com um formato comprido e feitas em madeira e ferro, passaram a ter um melhor posicionamento. Nas laterais, não era possível a aproximação de um cadeirante. Então a orientação foi, em algumas delas, abrir esse espaço, e também que deixasse um espaço maior nas pontas, pois assim cadeirantes poderiam utilizar esse lugar, além de dar uma alternativa para pais que estavam visitando o evento com seus filhos no carrinho de bebê.

      A roda-gigante, uma das maiores da América Latina, conta com uma capacidade para receber mais de 100 pessoas simultaneamente em 20 cabines fechadas, sendo uma adaptada com o que há de mais moderno em acessibilidade.

      Os banheiros sempre são um item importante que eu cito. Foram disponibilizados banheiros químicos para os visitantes. As opções acessíveis, com tamanho suficiente para que uma pessoa em cadeira de rodas junto com acompanhante pudessem usar.

      O Paralamas do Sucesso foi uma das bandas que se apresentaram no palco principal, e Herbert Vianna, o vocalista da banda, é um usuário de cadeira de rodas. Para atender ao artista com conforto e segurança, toda a área do show, como camarim e acesso ao palco, tinham acessibilidade.

      Existem vários parceiros que participam fisicamente do evento, alguns estão com suas lojas em containers, outros em pequenas casinhas pré-fabricadas e outros em estandes como expositores. Em todos eles, foi colocado a importância do acesso, geralmente por rampa, devido à característica de construção, além de um atendimento inclusivo.

      Os camarotes ficam em um andar superior, com acesso por escadas e também por plataformas elevatórias. Além de realmente proporcionar a inclusão, permitindo acesso a todos os espaços, esses equipamentos servem também à pessoas idosas e tem outras utilidades, como facilitar o transporte de materiais para cima.

      Com esse projeto, foi possível ter a percepção de que, com um bom planejamento onde a acessibilidade e a inclusão sejam itens essenciais, é possível ter uma proposta de acordo com as exigências da legislação e da sociedade. Além disso, o custo é mínimo, e a imagem passada pela iniciativa é muito positiva.

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