“Foi uma das coisas mais legais que já fizemos juntas”. É assim que Daniela Duarty, de Belém do Pará, define a primeira vez em que foi ao teatro com sua filha Estefany, de 11 anos. A menina é cega e ficou encantada ao descobrir que a peça “Ninguém mais vai ser bonzinho”, do grupo “Os Inclusos e os Sisos”, da organização Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, tinha audiodescrição. Desta forma, ela pôde acompanhar o espetáculo, usando um fone de ouvido. Além das temporadas teatrais, a ONG também faz campanha para que 19 de setembro seja instituído como o Dia Nacional do Teatro Acessível. Para fortalecer a mobilização e envolver mais pessoas, Daniela criou um abaixo-assinado na plataforma Change.org pedindo que o Senado aprove o projeto de lei que cria a data comemorativa.
A petição está em www.change.org/TeatroAcessivel.
A acessibilidade é fundamental para que os espetáculos teatrais sejam, de fato, para todas as pessoas. Intérprete de Libras, legendagem, audiodescrição, reserva de lugar para quem tem deficiência ou mobilidade reduzida e programação em braile e em meio digital permitem que espectadores com deficiência visual ou auditiva também exerçam o direito à cultura. No Brasil, somente as peças do “Os Inclusos e os Sisos” contam com todos estes recursos. Além disso, o grupo nunca realiza peças onde não há acessibilidade física total. “É preciso sensibilizar toda a sociedade, incluindo a classe artística e o poder público, para que sejam incorporadas práticas inclusivas, previstas na legislação, na área de cultura. A campanha não tem o objetivo de garantir apenas que pessoas com deficiência estejam nas plateias, mas que elas possam fruir e participar das produções com total dignidade”, defende Claudia Werneck, jornalista e fundadora da Escola de Gente.
O projeto de lei que instituiu o Dia Nacional do Teatro Acessível (PLC 124/2014) está pronto para ser votado pelo plenário do Senado Federal. Ele já foi aprovado na Câmara dos Deputados, onde contou com a autoria do parlamentar Jean Wyllys (PSOL/RJ) e assinaturas de Jandira Feghalli (PCdoB/RJ), Mara Gabrilli (PSDB/SP) e Rosinha de Adefal (ex-deputada do PTB/AL). A campanha pelo teatro acessível, feita pela Escola de Gente, tem o apoio de artistas como Tatá Werneck, Bel Kutner, Tiago Abravanel e Diogo Vilela.
Fonte: Catraca Livre
Dia desses vi a notícia do protesto de surdos pedindo mais filmes legendados no cinema e me perguntei se não valeria a pena também focar na necessidade de filmes com audiodescrição pra cegos e deficientes visuais. Muito bom saber agora que já existe a iniciativa pros teatros
A audiodescrição já está mais avançada do que a questão da acessibilidade para surdos. Apesar de colocar legendas seja teoricamente muito mais fácil, praticamente não existem filmes nacionais legendados nos cinemas.