Inaugurado em 2008, o Museu do Futebol, sediado em São Paulo, foi planejado para ser totalmente acessível.
Todas as salas e os conteúdos foram pensados para integrar pessoas com deficiência física, intelectual e com mobilidade reduzida.
Mas o que significa ser acessível?
O que é praticar a inclusão do deficiente em locais em que eles não são socialmente aceitos?
Qual a melhor forma de entender o mundo e as dificuldades das pessoas que possuem condições diferentes senão ouvi-las?
Pensando nessas questões, em 2010, o museu desenvolveu o projeto Deficiente Residente, para que o estabelecimento pudesse ser aproveitado e experienciado pelo maior número de pessoas.
Entre 2010 e 2015, pessoas com diversos tipos de deficiência foram integradas à equipe de atendimento do museu, em uma “residência que durava seis meses.
A iniciativa transformou o atendimento do museu, que viveu a sociabilização e a quebra de barreiras na prática.
Cada ano foi dedicado a um tipo de deficiência: Em 2010, o museu abriu vagas para deficientes visuais; deficientes intelectuais, em 2011; deficientes auditivos, em 2012; deficientes físicos, em 2013; pessoas com transtorno mentais, em 2014; e, em 2015, foram retomados todos os temas trabalhados nos anos anteriores.
Durante três meses, os residentes se encontravam semanalmente com a equipe de educadores para participarem de trocas e atividades. A ideia era descobrir e valorizar os pontos em comuns entre os presentes, entender suas diferenças e compartilhar informações para que a experiência dos visitantes nos espaços expositivos fosse melhorada.
O impacto da ação foi tão positivo que virou referência para outros Museus e na última quarta-feira (22) foi lançado um documentário sobre o projeto.
O vídeo, de 30 minutos, traz depoimentos dos participantes e informações que permitem que a experiência possa ser replicada em outras instituições.
“É uma inclusão efetiva. Não é uma inclusão ‘normal’. Eles foram atrás para fazer uma inclusão verdadeira no Museu.”, disse Fernanda Bucci, que possui paralisia cerebral. Ela foi residente da quarta edição.
Para além dos resultados, o projeto Deficiente Residente propõe uma ideia um tanto simples, mas que é esquecida muitas vezes quando se trata de ações para pessoas em situações diferentes das nossas: pensar com elas e não apenas para elas.
Com empatia e colaboração, ações como essa nos ensinam que encontrar soluções se tornam mais fáceis!
Fonte: Huffpost Brasil