O novo subdiretor geral do Património Cultural, David Santos, disse hoje, em Lisboa, que estará concluído este ano um diagnóstico da acessibilidade aos equipamentos daquele organismo que tutela monumentos, palácios e museus do país.

David Santos falava durante a jornada “Acesso às artes: uma questão de gestão”, que decorreu durante a manhã no Teatro Nacional D. Maria II, organizada pela associação Acesso à Cultura em parceria com o British Council.

“É consensual criar condições para todos terem acesso à cultura”, disse o responsável, na sua primeira intervenção pública, desde a nomeação para a Direção-Geral do Património Cultura (DGPC), em fevereiro deste ano.

No entanto, ressalvou que “nem todos os equipamentos culturais são de fácil intervenção, nomeadamente os monumentos classificados e mais antigos”, e citou os casos da Torre dos Clérigos, no Porto, ou a Torre de Belém, em Lisboa.

“Há ainda constrangimentos financeiros e de recursos humanos. No entanto, é sempre possível encontrar soluções alternativas”, sustentou David Santos, adiantando que o diagnóstico que a DGPC iniciou em 2014 deverá ser concluído e divulgado este ano.

O ex-diretor o Museu do Chiado, em Lisboa, que se demitiu no verão do ano passado num diferendo com o então secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse que os problemas de acessibilidade aos equipamentos culturais “não são novos, mas a nossa atenção sobre eles é recente”.

Por seu turno, o presidente do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II, Miguel Honrado, considerou que “há um longo caminho a percorrer nesta matéria, que está a ser feito, com dificuldades, mas passo a passo”.

“Há também um défice de discussão desta matéria, a nível social, no país”, lamentou.

No debate participou ainda Marcus Horley, do museu Tate Modern, em Londres, que aconselhou a “concretizar iniciativas passo a passo, pensando que no futuro a longevidade humana será cada vez maior”.

“Vamos ter muitos visitantes mais idosos, com limitações físicas várias, nomeadamente a mobilidade, e as instituições culturais vão ter de preparar-se para essa realidade, que já está a começar”, alertou.

Na audiência do debate estavam numerosos artistas e produtores portugueses, que criticaram a falta de apoio de muitas das instituições para receberem, por exemplo, espetáculos com artistas deficientes, ou acolherem projetos específicos para estas pessoas, indicando como “poucas exceções” a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a Casa da Música, no Porto.

Em declarações à agência Lusa num intervalo da jornada, Anaisa Raquel, especialista em áudiodescrição – uma técnica dirigida aos cegos e deficientes visuais, em que um narrador descreve uma obra de arte ou um espetáculo – lamentou as “portas fechadas” nesta área, no país.

“Em Portugal gasta-se muito dinheiro a fazer estudos, em vez de arregaçar as mangas e fazer projetos que muitas vezes não precisam de grandes recursos financeiros”, comentou.

Fonte: Sapo

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