Com o intuito de difundir a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o CEIR recebeu na manhã de segunda (30/11), um evento de iniciativa do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) em parceria com a SEID. Essa convenção foi incorporada à legislação brasileira em 2009 com força de emenda constitucional e está sendo apresentada em dez capitais brasileiras sob a forma de cartilha que tem por linguagem o cordel nordestino.

Nas palavras do secretário de estado para inclusão da pessoa com deficiência, Mauro Eduardo “o Brasil é tido como um dos países que mais a sério leva os direitos das pessoas com deficiência e, por isso mesmo, tornar-se signatário dessa convenção da ONU foi um processo facilitado”, e ainda destaca o Piauí nesse contexto ao falar que “somos a sexta de dez capitais que estão recebendo esse projeto por sermos referência no tratamento dos direitos das pessoas com deficiência e a escolha da linguagem do cordel é também uma forma de acessibilidade, pois nem sempre a interpretação das leis está ao alcance de todos e o cordel torna esse entendimento mais lúdico, fácil e até divertido”.

O objetivo do evento

A apresentação da cartilha de cordel se dá dentro da oficina “Uma vida igual para todos no compasso do Cordel”, comanda pela psicóloga paulista Daniela karmeli que tem 22 anos de experiência no trato com pessoas portadoras de deficiência psicológica e atua à frente da ONG Grupo Chavirim. “Tem de haver conscientização dos próprios direitos por parte das pessoas e o cordel facilita esse processo. O Brasil faz parte do grupo de países que abraça a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU desde 2009 e com o lançamento da Lei Brasileira da Inclusão – LBI, que entra em vigor em janeiro de 2016, essa necessidade de consciência dos direitos é ainda maior. Esse projeto da cartilha em linguagem de cordel quer mostrar que está tudo interligado”, frisa Daniela.

A representa do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, Marelande Brito, disse se sentir em casa em uma terra com tantas mulheres atuantes e revelou o motivo de o Piauí ter sua capital selecionada para estar entre as dez que receberam a oficina ao dizer “peço emprestadas as palavras do secretário Mauro Eduardo quando diz que já fizemos muito, mas temos ainda muito por fazer. O trabalho encontrado aqui mostra o que é possível fazer pelas pessoas portadoras de deficiências. Espero que as palavras ditas aqui nesta manhã de trabalho sejam de crescimento. Que Teresina esteja mais esclarecida depois do evento e que tudo isso seja um estímulo à aplicação à convenção de Genebra”.

Piauí: referência em políticas públicas para as pessoas com deficiência

Sem dúvida alguma o Piauí é destaque na implementação de políticas para as pessoas portadoras de deficiência. As palavras do Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Conade, Joaquim Santana, dizem muito a respeito desse destaque do nosso estado quando diz que “o Piaui está na sobreloja, ou seja, acima de outros estados do Brasil no que tange a políticas públicas para pessoas com deficiência. Fruto de ter uma pessoa que toma café, almoça e janta políticas públicas para deficientes à frente da SEID”. As palavras foram proferidas na mesa de honra da solenidade de abertura do evento e dizem respeito ao anfitrião, o secretário de estado para a inclusão da pessoa com deficiência, Mauro Eduardo. À frente dos trabalhos de uma secretaria cujo principal trabalho está na articulação, Maurinho, como é conhecido tem um trabalho de luta pelo respeito aos direitos da pessoa portadora de deficiência fundamentado na fundação da Associação dos Deficientes Físicos de Teresina, em 2001 e no fato de ter participado da fundação pioneira do CEIR, ao lado de D. Rejane Dias, para quem foi braço direito e sucessor na condução dos projetos nessa seara. Sendo ele próprio portador de deficiência em decorrência de uma sequela de pólio que o acometeu com apenas um ano e meio de vida, Maurinho é o primeiro secretário a conduzir políticas públicas para portadores de necessidades especiais, no Piauí, vivenciando o problema da ótica daqueles a quem representa.

Seu trabalho de articulação tem gerado frutos quantificáveis. Dos parlamentares piauienses, Maurinho conseguiu, recentemente, duas emendas parlamentares totalizando R$ 400 mil que financiaram aquisição de equipamentos para a APAE de Piripiri. Já do Ministério da Saúde, o secretário conseguiu autorização de emprenho de R$ 4,9 milhões para a construção de um centro especializado de reabilitação que inicia obras já em janeiro de 2016. O seu trabalho chamou atenção de outros estados brasileiros no Fórum Nacional de Gestores da Pessoa com Deficiência, onde pode mostrar os avanços do CEIR no atendimento a pessoas necessitadas de próteses, órteses e na entrega regular de cadeiras de rodas motorizadas.

Um piauiense na composição da cartilha

A iniciativa de produzir a cartilha em linguagem de cordel exigiu licitar profissionais de reconhecido conhecimento no assunto. Entre esses profissionais está o piauiense Beto Brito, radicado há 34 anos na Paraíba. “Sou bastante conhecido na Paraíba pelo trabalho no cordel através da música. Tenho oito discos gravados e turnês internacionais e tenho trabalhado escrevendo livros em formato de cordel. Escrevo cordel há mais de 20 anos” conta o artista popular que teve participação importante na composição dos versos que integram a cartilha e trazem para mais perto da compreensão os direitos das pessoas com deficiência. “Está provado, desde a antiguidade, que ensinar através dos versos torna tudo mais fácil. A rima ajuda a fixar o conteúdo na mente e o nordestino tem uma grande empatia com esse artifício. E eu ainda digo que o repentista é o grande divulgador da cultura popular”, pontua Beto Brito, ressaltando que a escolha desse forma de cordel foi um grande acerto para o projeto.

Para aqueles que querem conhecer o trabalho de Beto Brito, o artista disponibiliza seus discos, na íntegra, no seu site www.betobrito.com. Além das belas composições que lhe renderam reconhecimento internacional, é possível conhecer a história do artista piauiense e se deleitar com o belo visual do site.

Como obter a cartilha

A cartilha foi distribuída em versão impressa durante a solenidade e pode ser requerida no site da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ou baixada na seção de publicações que você acessa através do link: Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência em literatura de cordel

Fonte: Vida Mais Livre

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