A um ano dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, a Secretaria de Aviação está investindo em iniciativas para humanizar o atendimento aos Passageiros com Necessidade de Atendimento Especial (PNAEs) nos aeroportos brasileiros. Simulados técnicos, criação de fluxos padronizados de operação e análise de boas práticas internacionais estão entre as ferramentas de preparação dos terminais aeroportuários para a competição, que começa em 7 de setembro de 2016.
“Nosso legado em acessibilidade será a humanização do atendimento às pessoas com deficiência”, afirma o ministro da Aviação, Eliseu Padilha, que vê a Olimpíada e Paraolimpíada como um marco para a multiplicação das experiências e reprodução de padrões de operação de atendimento em todo o Brasil. “Não apenas em normas, disponibilização de infraestrutura, mas procedimentos de atendimento que transformem o serviço aeroportuário de forma permanente”, disse
O objetivo inicial é adequar os aeroportos à necessidade de tratamento individualizado e especializado para os cerca de 4 mil atletas paralímpicos que virão ao Rio de Janeiro. O diferencial vai estar no treinamento de quem vai recebê-los. Depois, a Secretaria pretende difundir esse tratamento a todos os aeroportos brasileiros.
Na última reunião do Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência) com técnicos do subcomitê de acessibilidade do Comitê Técnico de Operação Especiais (CTOE), as entidades que os representam apontaram como grande dificuldade os problemas de acessibilidade de um modo geral ainda fora dos terminais. Os principais problemas acontecem quando as pessoas com deficiência precisam ser movidas da poltrona do avião para sua própria cadeira de rodas, por exemplo. Não falavam de rampas, mas de respeito ao serem abordados.
Entre as entidades parceiras da Secretaria no desenvolvimento do trabalho para os Jogos Rio 2016 estão a Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef); Centro de Integração da Pessoa com Deficiência (CIPD); Confederação Brasileira de Desportos Visuais (CBDV); Instituto Benjamin Constant (IBC); Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (Iris) e; Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).
EQUIPES ESPECIALIZADAS
O CTOE analisa a experiência de equipes especializadas e multidisciplinares de atendimento aos PNAEs em grandes eventos de outros países. No mês passado, técnicos do CTOE estiveram nos Jogos Parapan-americanos de Toronto 2015 para acompanhar o atendimento dos atletas. No Canadá, uma equipe dava as boas-vindas aos PNAEs, oferecia ajuda, colocava-se à disposição para viabilizar o deslocamento e encaminhava a montagem e transporte cuidadoso de equipamentos – atletas viajam com até quatro cadeiras de rodas (uma de uso diário, outra de banho e ao menos duas de competição).
O governo brasileiro analisa as lições de Toronto e seu aproveitamento no planejamento para a Rio 2016. “Não é uma questão de diferenças ou dificuldades, mas sim de tratamento e atendimento igual a todos os passageiros, considerando cada um deles individualmente. Uma parte da experiência de voar acontece ali, no aeroporto”, explica Marcus Pires, chefe de serviço do CTOE.
A chegada de bagagens de tamanho e manuseio especiais também receberá atenção diferenciada. Cerca de 48,4 mil volumes devem ser resgatados e despachados durante o período dos Jogos Paralímpicos, de acordo com estimativa da Secretaria de Aviação Civil. O governo, em conjunto com órgãos do setor, estuda procedimentos integrados para facilitar e garantir segurança e fluidez no fluxo de entrega e devolução dos pertences.
SIMULADOS REALIZADOS
A Secretaria coordena a realização de simulados de acessibilidade aeroportuária para os PNAEs. O objetivo é testar as operações de embarque e desembarque, fluxos aeroportuários e a infraestrutura dos principais terminais envolvidos na operação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. A agenda é uma ação do subcomitê de acessibilidade do CTOE, órgão da Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero).
Entre os itens avaliados durante os simulados, estão vagas de veículos reservadas e sinalizadas, intérpretes de Libras disponíveis no atendimento, mesas com altura adequada nos restaurantes e lanchonetes, ônibus de piso baixo para embarque e desembarque e elevador para cadeira de rodas (ambulift) em operação.
Após as visitas, membros do grupo de avaliação técnica classificam as condições do aeroporto e preparam um plano de trabalho com eventuais adequações a serem implementadas. A primeira rodada de simulados passou pelos aeroportos do Galeão (11/06), Santos Dumont (11/07) e Guarulhos (04/08).
Além disso, o CTOE também visitou os terminais de todas as cidades-sede do futebol: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Salvador e Manaus. O resultado destas visitas foi um diagnóstico para que os operadores aeroportuários elaborem seus planos de melhoria e adaptação.
Fonte: PMDB