Com afinco, o malabarista joga claves para o alto, sobre um monociclo e não deixa cair uma só peça. Em seguida, em cima de um elástico amarrado em mastros a dois metros do chão, ele caminha de uma ponta a outra, sem pestanejar. Do público, cerca de 200 pessoas, ouvem-se poucos gritos ou aplausos: a saudação da maioria vinha do sacolejar das mãos – uma forma de aplauso para os surdos. A estreia do Ecocirco – Reestruturar para Preservar levou ao Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), no Castelão, a inclusão para pessoas com e sem deficiência. O espetáculo adaptado deve ser reapresentado em breve, por agendamento, mas ainda sem data determinada.

A ONG Instituto Intervalo, responsável pelo espetáculo, foi a vencedora do IX Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), no ano passado, e fez ontem a primeira apresentação. Foram R$ 32,5 mil investidos na adaptação para pessoas com dificuldades de mobilidade, cadeirantes e surdos. Na estrutura, o público do circo não tem que passar por degraus: piso antiderrapante foi fixado sobre rampas de acessibilidade. “Queremos que todas as pessoas, com ou sem deficiência, tenham a mesma emoção ao ver o circo”, instiga o diretor da ONG, Alencar Lage.

Para surdos, um intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) ajudava na compreensão. A estudante Karliane da Silva, 12, surda, disse que pela primeira vez entendia o que falava o palhaço. “É muito engraçado”, resumiu, com a ajuda da intérprete Luana Rodrigues.

“Foi a primeira vez que eu assisti a um espetáculo feito pra minha situação”, comentou o mecânico Alan Kardec Jácome, 47, desde os dois anos cadeirante em decorrência de uma paralisia infantil. Ele mora na comunidade de Santo Amaro, no bairro Bom Jardim, e diz que ficou muito impressionado com o trapezista. “Se todo mundo cumprisse o que determina a lei e fizesse as adaptações necessárias para um cadeirante, eu poderia me sentir bem mais à vontade, como hoje”, contou ele, que anda de moto e bicicleta adaptadas.

Para a estudante Joana Melo, 14, o circo foi o primeiro grande passo. “Muita coisa ainda precisa ser feita. Mas colocar juntos surdos e aqueles que ouvem, quem anda de cadeira de rodas e nas próprias pernas é muito bom”

Atração especial

O ator Bruno Braga interpreta o personagem Quico, do programa Chaves (SBT), e fez apresentação ontem no circo. Sem cobrar cachê. “É um projeto muito bonito este. É emocionante se apresentar para um público tão bonito”, afirmou o ator.

Serviço

Ecocirco – Reestruturar para Preservar

Para agendar visitação com escolas ou outros grupos

Contatos: (85) 99925 9233/ 98854 1855

Fonte: Jornal de Hoje

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