Destinar 10% de todos os leitos de hotéis, pousadas e similares aos deficientes. A determinação é um dos pontos polêmicos no texto substitutivo da Câmara dos Deputados ao projeto da lei de inclusão da pessoa com deficiência, que foi aprovado pelo Senado na semanada passada. A obrigação é questionada pelo Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina e Região (Sindhotéis), cujos membros acreditam que a cota é exagerada.
O Hotel Bourbon, localizado na região central de Londrina, é um dos mais movimentados da região. Dos 112 quartos, um é totalmente adaptado. O número parece baixo, mas, de acordo com a direção do hotel, é suficiente para atender a demanda.
“A procura de pessoas com deficiência é muito baixa. A gente tem que destinar o quarto para uma pessoa com deficiência, em média, uma vez a cada 15 dias”, afirma o agente de reservas do Hotel Bourbon, Nilo Lamy.
Também localizado na região central de Londrina, o Hotel Crystal apresenta situação parecida. O prédio tem 94 apartamentos. Destes, um é totalmente adaptado aos deficientes e pouco usado. “Sequer há uma estatística precisa, pois a procura de pessoas com deficiência é muito baixa”, diz o gerente do Hotel Crystal, Alexandre Ferreira Alves.
A demanda é pequena, mas, se o projeto virar lei, o Hotel Crystal terá que adaptar, por exemplo, mais oito apartamentos. No caso do Hotel Bourbon, a adaptação seria necessária em outros dez quartos. A possível nova legislação afetaria os empresários da área em todo o país.
Uma nova revisão no texto para regulamentar da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência foi discutida por gestores de 63 sindicatos hoteleiros do Brasil no encontro da Federação Nacional de Hospedagem e Alimentação, realizado na semana passada. Após análises, a conclusão é de uma taxa percentual justa na casa dos 3%. O texto agora segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Fonte: Bonde
O engraçado é que ninguém fez a conta inversa. Como cadeirante e apaixonado por viagens acho que os deficientes ocupam os hotéis em número pequeno justamente porque o número de aposentos reservados são, quando existem, também pequenos. Ouvimos muito que o deficiente fica “escondido dentro de casa”, se olharmos as mudanças no tratamento com as necessidades do deficiente veremos que estamos saindo cada vez mais, pois a acessibilidade e a adequação vem aumentado; transporte, turismo, educação, etc.. Em 1986 quando me tornei cadeirante tive de parar de estudar, pois não havia escolas e faculdades acessíveis, como também transportes, ruas, calçadas, e muito mais. Lazer era outro suplício, quando você conseguia chegar num “simples” barzinho, não tinha banheiro acessível, então tomava um chop e ia correndo para casa “fazer xixi”. Imagina quando queria ir à um parque, cinema, teatro, show, etc. As lei que beneficiam os acessos dos deficientes demoraram muito para existirem, embora estejamos engatinhando nesse assunto. Conclusão: quanto mais opções, mais serão os deficientes consumidores nas ruas.
Como uma agência, posso dizer que, pessoas com deficiência não ficam escondidas em casa. Ainda há muitas assim, mas também muitos que viajam, porém eles procuram lugares acessíveis. A falha dos hotéis é não trabalhar essa oferta, nunca fazem divulgação, nem no site, nem em impressos, e muitas vezes com informações duvidosas. Além disso, ninguém quer ficar só no hotel. E os passeios, transporte e tudo o mais? Por isso sempre digo que é preciso um planejamento para organizar uma oferta turística acessível. Nós fazemos isso, e oferecemos roteiros onde a pessoa com deficiência irá desfrutar de experiências inesquecíveis!
Na Europa tem hotéis com 100% das UHs adaptadas. Um dia o Brasil também vai sentir a necessidade de ter espaços 100% acessíveis.
Sim, mas Europa também tem falhas. Nem todos os hotéis são assim. De qualquer forma, em países onde existe um maior faturamento no turismo como um todo, existe maior oportunidades no turismo acessível. Será coincidência? No meu modo de ver não, quem tem visão tem mais sucesso.