Por Elizabeth Kahn, com adaptação de Francisco Lima
Os intérpretes de Libras são uma acomodação necessária para as pessoas surdas que usam a língua de sinais como um meio de comunicação social. São tradutores necessários em tribunais, hospitais, reuniões e praticamente qualquer situação em que haja uma interação entre pessoas surdas e aqueles que se comunicam apenas por meio da fala oral.
Como a deficiência visual (a cegueira ou a baixa visão) não aparenta ser uma “barreira fundamental à comunicação”, acomodações paralelas não têm, em geral, sido buscadas ou, sequer sido consideradas necessárias para os locais e situações acima mencionados.
Reflita, no entanto, sobre a seguinte situação real: O marido da minha amiga, que é cega e trabalha para uma das maiores empresas de tecnologia e softwares do mundo, rotineiramente participa das reuniões internas e conferências do setor, onde se espera que ele “dê conta de tudo”, durante apresentações em PowerPoint e reuniões, em que muitas vezes notebooks inteiros carregados de material são dados como apostilas. Na Q & A, espera-se, também, que ele participe de formações e discussões e reconheça pela voz pessoas com quem ele talvez jamais tenha conversado. Como um bônus, o software proprietário usado na empresa, o que ele deve usar para o trabalho, trava seu leitor de tela.
Apesar disso tudo, ele não fica para traz. Em uma frase: a acessibilidade comunicacional ainda não alcançou o local de trabalho.
Em resposta à falta de informações sobre a acessibilidade comunicacional, é necessária a informação dos gestores públicos e privados sobre a obrigatoriedade legal dessa acomodação, a respeito dos benefícios que o investimento em acessibilidade em geral pode trazer para a empresa e para os trabalhadores com deficiência.
A Língua Brasileira de sinais para os trabalhadores surdos falantes de Libras e a áudio-descrição, para os trabalhadores com deficiência visual (as pessoas cegas ou com baixa visão) são exemplos de acomodação de acessibilidade comunicacional e deverão ser disponibilizadas gratuitamente a todos os trabalhadores que informarem precisar dessa ajuda técnica, isto é, dessa tecnologia assistiva.
Importante!
A áudio-descrição deve ser provida de modo que todos e quaisquer elementos visuais nas reuniões, incluindo slides, clipes de filmes, diagramas, tabelas, gráficos e objetos sejam lidos ou áudio-descritos.
Orientações para apresentações com acessibilidade visual
- Se você estiver usando slides(PowerPoint), faça uma pausa em sua apresentação, para que os slides possam ser descritos e/ou lidos (ou você mesmo pode lê-los)).
a- Se você estiver usando uma lista de itens em seu slide, leia cada um deles antes de discutir o assunto.
2. Se você tiver recursos visuais, faça uma pausa em sua apresentação, para que possam ser áudio-descritos (ou descreva-os você mesmo).
a. Os recursos visuais incluem fotografias, diagramas, desenhos, mapas, gráficos, tabelas etc.
b. Lembre-se de que alguns de seus espectadores podem ter baixa visão, necessitando, portanto, de esclarecimentos (descrição) do o que está sendo projetado.
3. Uma vez que nem todos os participantes de sua plateia serão cegos, podendo haver entre eles pessoas com baixa visão, você deve fornecer versões de suas apostilas (cópias dos slides) com fontes grandes, cheias (arredondadas) e com um bom contraste de cores.
* Com efeito, a distribuição de cópias dos slides em fonte ampliada é sempre uma boa opção, especialmente se você estiver fazendo apresentações em salas grandes.
a. Para slides, a versão de página inteira no “preto no branco” pode ser suficiente.
b. Se você tem material colorido, o texto preto em um fundo branco ainda é o mais visível.
c. Prefira fundos simples e com cores contrastantes, como os dos templates do PowerPoint. Modelos sofisticados não fazem mais do que produzirem ruído visual e são mais difíceis de ler para todos.
d- Se você for ou estiver participando de reuniões, formações, seminários, palestras, conferências etc. com áudio-descrição, adiante-se e ofereça ao áudio-descritor ou à comissão responsável, seu nome e, se possível, uma foto para que o tradutor visual o possa reconhecer numa discussão, identificá-lo em uma mesa de apresentação e saber seu nome, quando ele for áudio-descrever.
* Contudo, não se esqueça de dizer seu nome e sua afiliação (de onde você é, o nome de sua empresa ou instituição de origem), antes de começar sua fala.
Fonte: Ler para Ver