As pessoas com deficiência enfrentam muitas barreiras todos os dias, desde obstáculos físicos nas ruas, em edifícios, às barreiras sistêmicas no emprego, além da falta de acessibilidade para sua educação e lazer. Porém, as barreiras mais difíceis de ultrapassar são as atitudes da sociedade em relação às pessoas com deficiência. A sociedade está se concentrando na deficiência de uma pessoa, quando deveria concentrar-se nas habilidades do indivíduo.

A barreira atitudinal é uma barreira existente entre as pessoas; é um preconceito que coloca uma parede entre uma pessoa com deficiência e a outra sem deficiência. É uma atitude que exclui.

As barreiras atitudinais geralmente não aparecem isoladas, elas apoiam-se umas nas outras. Vou listar algumas dessas barreiras:

  • Substantivação da deficiência – Referência à pessoa com deficiência como se o seu todo fosse a deficiência: “o cego”, “o Down”. O mais adequado seria: “a pessoa cega” ou “a pessoa com deficiência visual”, “a pessoa com Síndrome de Down”. Sempre considerando primeiramente a condição de ser pessoa. A deficiência é uma caraterística humana.
  • Adjetivação ou rotulação – Atributos depreciativos em função da deficiência. Designar as pessoas como lentas, incapazes, etc.
  • Rejeição – Recusa irracional a receber um público com deficiência, bem como de interagir com esses expectadores. Não oferecer acessibilidade já e uma forma de exclusão.
  • Negação – Desconsiderar as dificuldades para compreensão da obra ou para a participação em evento sem acessibilidade.
  • Medo – Receio de receber o público com deficiência – Temer a reação dos frequentadores do evento; temer fazer ou dizer algo de errado, ou acreditar que o conteúdo possa ferir a pessoa com deficiência.
  • Baixa expectativa (subestimação) – Juízo antecipado e sem fundamento de que a pessoa com deficiência é incapaz de fazer algo, de entender um espetáculo ou mesmo de nele atuar.
  • Efeito de propagação (expansão) – Como se a pessoa com deficiência tivesse suas habilidades cognitivas afetadas. Como se a pessoa surda, por exemplo, tenha também deficiência intelectual e que por isso não compreenderá uma produção cultural.
  • Estereótipos – Representação social “positiva” ou “negativa” sobre pessoas com a mesma deficiência. É como imaginar que todas as pessoas cegas tenham o sentido da audição altamente aguçado, ou que todas as pessoas que usam cadeiras de rodas são dóceis ou tenham que competir em Jogos Paralímpicos.
  • Generalização – Acreditar que porque uma pessoa com determinada deficiência prefere um determinado produto ou serviço, todos os outros com a mesma deficiência também vão preferir.
  • Menos valia – Crença na incapacidade das pessoas com deficiência, avaliar depreciativamente o trabalho por elas desenvolvido. É como se uma obra feita por uma pessoa com deficiência tivesse valor menor que a obra da pessoa sem deficiência.
  • Padronização – Acreditar que todos os indivíduos com a mesma deficiência agem da mesma forma e gostam das mesmas coisas.
  • Particularização – Segregação das pessoas em função de determinada deficiência e entender que elas atuam de modo específico ou particular diferente de todos os outros expectadores que não têm deficiência.
  • Ignorância – Desconhecimento dobre determinada deficiência em relação às habilidades e potenciais daquele que a tem. As pessoas cegas, por exemplo, saber a marcação do tempo em um relógio e visitar museus; as pessoas surdas podem jogar futebol e desfrutar de música, por exemplo.
  • Adoração do herói – Supervalorização/exaltação, elogio desmedido à pessoa com deficiência, como se a capacidade da pessoa fosse algo inusitado ou excepcional. A maioria das pessoas com deficiência não quer elogios pela realização de tarefas do dia a dia, pois o indivíduo simplesmente aprendeu a se adaptar, usando suas habilidades e conhecimentos, assim como todo mundo se adapta a ser alto, baixo, forte, rápido, fácil de lidar, careca.
  • Exaltação do modelo – Uso da imagem da pessoa com deficiência como modelo de persistência e de coragem, comprando-a com o público em geral.
  • Compensação – Sob o manto da piedade e paternalismo achar que o público com deficiência deve ser merecedor de algo além da obra que foi apresentada com acessibilidade.
  • Dó ou pena – Expressão ou atitude piedosa, restringindo-as ou mesmo constrangendo-as. Pessoas com deficiência geralmente não querem piedade e caridade, apenas a igualdade de oportunidades para ganhar o seu próprio caminho e viver de forma independente.
  • Superproteção – É a proteção desproporcional. A sociedade acaba impedindo que a pessoa com deficiência faça suas escolhas.

Quebrando Barreiras

As barreiras atitudinais, que muitas vezes levam à discriminação ilegal, não podem ser superadas simplesmente por meio de leis. O melhor remédio é a familiaridade, a interação das pessoas com e sem deficiência para que se misturem como colegas de classe, colegas de trabalho e conhecidos sociais. Com o tempo, naturalmente, a maioria das atitudes de barreira dará lugar ao conforto, ao respeito e à amizade.

Como você, empreendedor, está se preparando para receber o público de pessoas com deficiência?

Fonte: Administradores

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