Ele gosta de lembrar que não pode beber, dirigir, votar ou ser responsabilizado por crimes. O indiano Shubha Banerjee tem 13 anos. Mas a idade não o impediu de criar uma impressora de braile, a linguagem utilizada por deficientes visuais. Em vez de componentes sofisticados, usou peças de Lego. E conta aos risos, em português, que recorreu ao famoso “paitrocínio”.
Neste ano, ele é um dos principais palestrantes da Campus Party. Subiu ao palco nesta quarta-feira (4) depois do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, criador do exoesqueleto. Ele, porém, está acostumado a estar entre autoridades. Durante uma visita à Casa Branca, onde foi recebido pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conheceu o presidente da Lego, Soren Torp Laursen.
“Na verdade, foi ele quem veio me ver”, brinca o garoto. Apesar de fazer reverência às várias personalidades do mundo científico, econômico e político que conheceu depois de sua invenção, o garoto não esconde o que realmente o surpreendeu. “Oh, meu Deus, eu conheci o Will.i.am”, grita, dizendo em seguida ter sido legal ir ao “Queen Latifah Show”.
Antes de recorrer ao Lego, pecinhas das quais é fã desde os 2 anos, pesquisou na internet se havia kits de desenvolvimento para construir sua máquina. Havia, mas custava caro, coisa de US$ 350. Recorreu às peças coloridas por um motivo nada científico. “O lego é ideal porque é barato”, diz. Elas furam o papel para indicar as letras em braile. Para ser o cérebro de sua máquina, o adolescente usou o chip Edison, criado pela Intel para ajudar empreendedores como Banerjee. Após criar o protótipo de sua impressora de braile, a Braigo (Braile + Lego), em janeiro de 2014, as portas do mundo se abriram.
Ida para o Vale do Silício
Em setembro foi convidado pela Intel para participar de sua conferência anual (IGF). O presidente da companhia afirmou que ficou tão impressionado que a Intel resolveu investir na Braigo Labs. Agora, trabalha no Vale do Silício, na Califórnia (EUA). Antes disso, teve de viajar de volta à Índia para colocar os documentos em ordens, já que é menor de idade.
Além de não ter idade para muita coisa, Banerjee não gerencia o negócio que criou. Sua mãe é presidente da Braigo. “Ahn, ela é a CEO. Não posso ser CEO.” A presença da família não é novidade. Ainda que as peças de Lego fossem mais baratas, precisou do dinheiro do pai para comprá-las. “Eu achei uma palavra em português para isso. É ‘paitrocínio’.”
Fonte: G1