Membros da Aliança Sul Africana de Pessoas com Deficiência (SADA – South African Disability Alliance) queimaram pneus na casa de Safa, a sul de Joanesburgo, ontem, em protesto contra a falta de acessibilidade dos estádios da Copa do Mundo para as pessoas com deficiência. “Nós queimamos pneus porque eles são a nossa mobilidade, mas não podem nos pegar em estádios”, disse o executivo da SADA Ari Seirlis.

Guardas de segurança apagaram três pneus para cadeiras de rodas em chamas, enquanto os manifestantes gritavam e agitavam cartazes. “O Comitê Organizador Local (LOC – Local Organising Committee) nos decepcionou”, dizia um cartaz. Outro dizia: “Estádios não acessíveis para deficientes físicos, sem legado para nós”.

Seirlis disse que a aliança não estava queimando pneus, porque estava na moda, mas porque mostrava a dor das pessoas com deficiência por não terem sido atendidos a qualquer uma das partidas da Copa do Mundo. “Queremos estar lá. Queremos ser parte da ação, mas os estádios não estão prontos para nos acomodar”, disse ele.

Cerca de 100 membros da SADA cantaram canções de libertação e rolaram suas cadeiras de rodas das baías de estacionamento a casa de Safa em frente à entrada, onde um memorando de reivindicações foi entregue ao chefe executivo do comitê organizador local Danny Jordaan.

Jordaan disse que iria se reunir com os dirigentes da SADA dia 31 de março para discutir as questões levantadas no memorando. Disse ainda que apenas três estádios não eram acessíveis às pessoas com deficiência e que, enquanto as pessoas em cadeira de rodas tiveram que comprar bilhetes, as pessoas que empurravam não precisavam. “Nós nos preocupamos com você”, disse Jordaan, explicando que houve um memorando de entendimento assinado entre SADA e do Comitê Organizador Local.

Se há problemas, precisamos sentar e colocar isso para fora… ainda temos de reunir para discutir”, disse Jordaan. A SADA exigiu que o Comitê Organizador Local garanta um ambiente seguro e justo para todos os espectadores com deficiência, inclusive nas instalações dos fan park. Também quer um plano de transporte acessível aprovado e implementado por todas as cidades-sede.

O Presidente da SADA Musi Nkosi disse que durante a Copa das Confederações, o transporte do parque e locais de passeio não eram acessíveis às pessoas com deficiência, sem facilidades para os espectadores surdos e sem serviços de comunicação.

Pessoas com deficiência visual também não estão totalmente acomodados: eles não estão autorizados a trazer um guia sem nenhum custo, e têm que encontrar alguém que possa se dar ao luxo de acompanhá-los para comprar um bilhete.

Nós não queremos atrapalhar os eventos da Copa do Mundo. Pode ser a primeira e a última Copa do Mundo para a África em nossa vida. Queremos ser parte dela. Espero que a partir deste protesto algo seja feito para as pessoas com deficiência”, disse Nkosi.

Veja um vídeo mostrando uma entrevista sobre o assunto no link a seguir http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1236757-7824-DEFICIENTES+FISICOS+PROTESTAM+POR+MELHOR+ACESSIBILIDADE+NOS+ESTADIOS+DA+COPA,00.html

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