O historiador Michel Pinho montou um roteiro pelo centro histórico para comemorar o aniversário de Belém, cidade que completa 399 anos nesta segunda-feira (12). O projeto, que nasceu em sala de aula e extrapolou a escola, terá um diferencial: a acessibilidade. O professor será acompanhado por intérpretes de linguagem brasileira de sinais e áudio descritores, que narram a paisagem para pessoas com deficiência visual.
“Sairemos do Forte do Presépio, passaremos pela rua do norte, largo do Carmo , Palácio Velho, Igreja da Sé e monumento ao General Gurjão. O projeto tem o objetivo da construção imagética de uma Belém que não existe mais. Veremos o traçado das primeiras ruas, a arquitetura colonial e o azulejamento. As transformações também podem ser vistas como as platibandas (detalhes que impedem a vista dos telhados) das casas, a construção da igreja do Carmo, o acertamento da praça Dom Pedro II”, explica Pinho.
Mesmo pessoas com problemas de visão poderão “enxergar” o passeio através da descrição de Aline Corrêa. Com experiência em eventos e espetáculos culturais, a áudio descritora se ofereceu para auxiliar o historiador e ampliar a participação de cegos e pessoas de baixa visão.
“Queremos iniciar em Belém a áudio descrição pensando nos 400 anos da cidade para mostrar que existe esta necessidade de contemplar pessoas com deficiência em eventos culturais. O professor Michel me levou no trajeto e instruiu sobre o conteúdo. Como descrição é imagem, ele vai falar a parte história, e cabe a nós descrever para os cegos as estruturas e construções sem usar termos técnicos da arquitetura”, define Aline.
De acordo com Pinho, o passeio é gratuito – o grande objetivo do projeto não é arrecadar dinheiro, mas fazer as pessoas se sentirem parte da cidade. “Fico feliz com o resultado, já monitorei pessoas que retomam com seus filhos, alunos que hoje são profissionais, fotógrafos… A maior recompensa para mim é que as pessoas passam a tornar Belém como sua história de vida. Isso é muito recompensador”, conclui.
Fonte: G1