O veleiro Oceans of Hope partiu de Copenhaga numa viagem histórica à volta do mundo e esteve na Marina do Parque das Nações, em Lisboa, para recolher a representante portuguesa na expedição.
Em comunicado, a organização da iniciativa informa que se trata da primeira volta ao mundo em circum-navegação numa embarcação tripulada por doentes com Esclerose Múltipla (EM).
Oceans of Hope é o veleiro que dá forma a uma campanha com o mesmo nome, organizada pela fundação dinamarquesa Sailing Sclerosis. O objectivo do projecto, que tem a duração de 17 meses, é alterar percepções relativas à EM, mostrando o que é possível atingir quando pessoas com uma doença crónica são desafiadas à conquista de novas metas individuais, lê-se no mesmo comunicado.
A tripulação que deixou Copenhaga na tarde de 15 de Junho para a viagem de 61.000 km (33.000 milhas marítimas) esteve envolvida no estabelecimento de uma rede de pessoas com experiência regular de vela, portadoras de EM. Através de eventos de vela organizados durante as paragens do veleiro nos 20 portos previstos ao longo da viagem, nomeadamente Lisboa, a Sailing Sclerosis pretende alargar a rede já criada, alavancando o projecto Oceans of Hope.
O percurso desta viagem levou o veleiro de Copenhaga a Kiel, na Alemanha, naquela que é a primeira paragem (19- 22 Junho), seguindo-se Amesterdão, Holanda (26-29 Junho), Portsmouth, Reino Unido (3-6 Julho), La Rochelle, França (10-14 Julho) e Lisboa (28 Julho – 2 agosto). De Lisboa, o Oceans of Hope partiu para a travessia do Atlântico até Boston, Massachusetts, nos EUA, onde a tripulação desembarcou em 8 de Setembro. O Oceans of Hope tomou então lugar na conferência ACTRIMS-ECTRIMS, o maior evento internacional do mundo dedicado à investigação na área da Esclerose Múltipla.
Mikkel Anthonisen, de 47 anos, especialista na Universidade/Hospital de Copenhaga, Rigshospitalet, é o fundador da fundação Sailing Sclerosis. Médico, psicoterapeuta e velejador, constatou a importância do envolvimento de portadores de EM em actividades de vela quando no início de 2013 conheceu um doente que alimentava a esperança de voltar a velejar. Daí nasceu o sonho de circum-navegar o globo com portadores de EM a bordo.
Pessoas com esclerose múltipla terão a oportunidade de experimentar a emoção de velejar no veleiro Oceans of Hope
O especialista comenta que “Hoje é um dia maravilhoso. Não tenho a certeza de que há 18 meses alguém teria acreditado que isto seria possível, mas a prova é que tudo é possível quando acreditamos e nos empenhamos. Todos na nossa organização e em torno dela, incluindo toda a tripulação a bordo, trabalhou afincadamente para que fosse possível colocar o Oceans of Hope no mar. Fizeram mesmo um trabalho fantástico. Este projecto mostra ao mundo que ‘sim, conseguimos fazê-lo!’ – mesmo após um diagnóstico de doença crónica e potencialmente incapacitante.”
Luísa Matias, a portadora de EM que em breve se juntará à tripulação, considera que “atravessar o Oceano Atlântico no Oceans of Hope é sinal que estou pronta para deixar em terra o que me prende à EM. Esta oportunidade significa que vou conquistar um sonho meu e levar a bordo todas as mensagens das pessoas que também têm esta doença. E vou-lhes trazer esperança. As minhas vitórias são também de todos, porque as partilho com a paixão de quem segue o coração”.
A Biogen Idec juntou-se à campanha da fundação Sailing Sclerosis, Oceans of Hope, como Parceiro Oficial.
De acordo com Sérgio Teixeira, director-geral da Biogen Idec Portugal, “é com muito prazer que a companhia se associa a um projecto inédito de cariz social tão forte. Tal como os portugueses no século dos Descobrimentos, também a equipa do Oceans Of Hope parte à conquista do mundo numa viagem única, suplantando as limitações que em muitos casos estão associados à esclerose múltipla. Estes corajosos marinheiros deverão servir de exemplo não só para a comunidade de doentes e médicos mas também para as suas famílias e população em geral”.
Mikkel continua, “Estamos muito gratos à Biogen Idec por nos ajudar a tornar possível este nosso sonho de dar a volta ao mundo com pessoas com EM”.
Fonte: Jornal Médico