Com o final da Segunda Guerra e da guerra do Vietnã, Europa e Estados Unidos passaram a se deparar com a necessidade de se acolher em espaços públicos a presença de pessoas com necessidades especiais – cadeirantes, deficientes visuais, deficientes auditivos entre outros. Nos anos 70 começaram a ser esboçadas leis para impor a criação de adaptações em espaços de trabalho, ensino, cultura e lazer.
Esse tema só entrou em pauta no Brasil entre as décadas de 80 e 90 e apenas nos últimos 15 anos essa enorme parcela da população passou a ser vista nas ruas, em escritórios, nos parques, teatros, shows e cinemas.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), 10% da população de cada país tem algum tipo de deficiência. Somente na cidade de São Paulo são 2,8 milhões (segundo dados do IBGE) que devem ter garantidos seus direitos de acesso a todos os espaços públicos, transportes e espaços de lazer.
Ao mesmo tempo em que leis, normas e regras foram sendo criadas e ditadas – entre elas a NBR 9050 e o Manual da CPA (Comissão Permanente de Acessibilidade) de São Paulo -, os empresários passaram a investir na sustentabilidade de seus negócios e em projetos sociais, neles incluídos o obrigatório respeito aos portadores de necessidades especiais. E desde a entrada em vigor da Lei de Cotas, em 1991, as empresas foram obrigadas a inserir em seus quadros portadores de necessidades especiais.
Foi nesse momento que os espaços públicos e comerciais passaram a necessitar de amplas reformas que atendessem às normas e acolhessem a presença dos cadeirantes, das pessoas que usam muletas ou bengalas, dos deficientes visuais e auditivos, entre outros portadores de deficiências.
Os arquitetos então mergulharam de corpo e alma neste grande desafio: manter a criatividade na elaboração de espaços atendendo a todos os pré-requisitos para a acessibilidade.
Atualmente, para todos os espaços públicos e de lazer, edifícios comerciais e até residenciais multifamiliares, são necessários projetos que contemplem a acessibilidade.
E quem frequenta as salas de cinema percebe claramente a importância dos projetos arquitetônicos com esse foco. É um grande desafio atender a todas as normas e legislações de órgãos públicos, assim como a normatização da própria rede de cinemas, no desenvolvimento de projetos que muitas vezes têm que se adaptar a áreas compactas e pré-definidas e criar espaços agradáveis e confortáveis para todos os usuários.
Porém, nas salas de cinema as demandas são constantes e os projetos mais questionados já que frequentados por um público grande e diversificado em todo o território nacional. As normas se aplicam a todas as áreas públicas de um cinema, principalmente nos acessos, bilheteria, bomboniere, circulação, sanitários e posições na plateia.
As salas começam a ser projetadas a partir do número de poltronas que estarão disponíveis. Desse total, em média 2% dos lugares serão especiais para cadeiras de rodas, incluído um acompanhante ao lado. Os lugares especiais podem ser distribuídos em várias partes da sala, prevendo sempre a necessidade de rampas com inclinação suave. Os cadeirantes devem ocupar lugares em que sejam respeitados ângulos pré-determinados entre o ponto de visão e a tela para uma perfeita visualização.
Para os deficientes visuais, o piso deve ser tátil no início e final das escadas e rampas. No início e final de corrimãos de escadas e rampas deve haver sinalização em Braille.
Para que um cinema em São Paulo receba o selo de “acessível”, deve sempre estar de acordo com todas as normas da CPA. E a cada nova demanda, novas reformas são promovidas.
Trabalhamos dentro de um jogo entre o espaço disponível e as normas. Mas não podemos perder o foco do bem-estar e respeito às pessoas com necessidades especiais, desde o momento em que chegam à bilheteria, passam pela bomboniere, utilizam os sanitários, acomodam-se nos lugares e assistem ao filme.
Fonte: segs
Eu nem falo mais nada, pq aqui em Santo André o único cinema que é bom pra mim é o cinemark do Grand Plaza, fico ferrado com os cinemas com lugares de deficiente colado na tela, e isso ninguém muda, temos que lutar contra isso
A questão do ângulo de visão já é citado em normas de acessibilidade. Precisamos fazer com que elas sejam cumpridas.
O maior problema é que os locais são colados na tela e não há opção para subir mais na sala e ficar em posição mais confortável para assistir e o deficiente geralmente vai acompanhado ao cinema, como no meu caso que acompanho minha filha.
Dependendo da sala, o espaço disponível nem é o grande problema. É possível fazer uma nova configuração para que a acessibilidade seja cumprida, porém não há respeito por parte dos empreendedores desse setor.
O problema nas salas de cinema no Brasil é que a maioria dos cinemas colocam as vagas para o cadeirante muito na frente devido o modelo stadium das salas de cinema,.uma posição muito incomoda para nos cadeirantes que temos que ficar com o pescoço levantado para podermos assistir o filme.
As normas brasileiras de acessibilidade também incluem a questão do alcance visual. Telas de cinema, palcos de teatro, cartazes e outros ítens, devem estar em um posicionamento acessível. Me arrisco a dizer dificilmente esse ítem é considerado por quem elabora e executa os prrojetos
Bem difícil resolver isso, ainda mais agora que o “grande estado” através de exigências gerais acabou transformando esse negócio praticamente num monopólio.
Às vezes me pergunto porque é preciso haver leis e normas para que os empresários tomem alguma iniciativa. Eles sabem da necessidade desse tipo de público, e poderiam ter a acessibilidade como uma iniciativa própria, com intenção de atender a todos.