Hotelaria de Brasília não consegue hospedar todos os participantes da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
O participante da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência Charle Fornaciari Pereira reclama da falta de hotéis que tenham adaptações para pessoas com deficiência. Charle, que é cadeirante, reclama das más condições dos hotéis da Capital Federal.
“A acessibilidade nossa aqui, dentro do entorno da conferência está ótima, os hotéis é que estão deixando muito a desejar. Nós estamos em muitos cadeirantes sem quartos adaptados, e isso decorre da falta de respeito com a Pessoa com Deficiência, porque uma conferência na capital do nosso país, acontecer esse tipo de descaso é uma coisa imperdoável. Ontem eu peguei um quarto emprestado para tomar um banho, porque eu não tinha um quarto adaptado pra mim. Hoje me transferiram para um hotel que é um lixo, e tá complicado a situação. E tem muitos cadeirantes nessa mesma situação. Tem cadeirantes indo embora para seus estados por não terem hotel adaptado para ficar”
Ricardo Shimosakai, Diretor da Turismo Adaptado, comenta que o Distrito Federal não está preparado para receber um evento deste porte, onde eram esperados cerca de dois mil participantes. Considerando que nem todos os participantes necessitam de um quarto adaptado, e outros nem necessitariam de uma hospedagem, este número diminui um pouco.
Dados de agosto de 2011 apontam um total de 5.170 leitos na capital federal, distribuídos em 3.522 quartos de 22 meios de hospedagem, entre hotéis e flats, resort e pousadas. Normas de acessibilidade colocam a obrigatoriedade de pelo menos 5% dos quarto acessíveis, o que daria 176 quartos, o que é perceptivelmente muito pouco. “Seria mais coerente escolher uma cidade com mais infraestrutura de acessibilidade, ao invés de colocar a Capital Federal apenas pelo seu valor simbólico”, comenta Ricardo Shimosakai.
Outro episódio marcou esse evento. Dilma provocou reação dos participantes da 3.ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Em discurso de improviso, a presidente usou a expressão “portador de deficiência”. “Eu fiquei muito impressionada como a tecnologia pode nos ajudar a dar condições melhores de vida, melhores oportunidades para portadores de deficiência”, afirmou. A gafe desencadeou um burburinho que culminou em vaia.
“Desculpe, desculpe”, corrigiu-se Dilma. “Eu entendo que vocês tenham esse problema, porque portador não é muito humano, não é? E pessoa é, então é um outro tratamento. A primeira vez que eu vi vocês protestarem, eu fiquei pensando por quê. Aí, cheguei a essa conclusão, espero que seja a conclusão certa”, disse a presidente, aplaudida em seguida. No fim do discurso, ao defender a igualdade de oportunidades e prometer que seu governo está comprometido com a inclusão dos deficientes, Dilma foi ovacionada.
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