1941 – Hitler é denunciado por programa de extermínio de deficientes físicos e mentais

por | 15 dez, 2012 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

No dia 3 de agosto de 1941, um domingo, algumas semanas após Alemanha e União Soviética entrarem em guerra, o bispo de Münster, na Renânia, denuncia publicamente o assassinato de deficientes físicos e mentais pelos nazistas.

O monsenhor  Clemens-August von Galen, de 68 anos, exclamava: “É uma doutrina tenebrosa aquela que busca justificar a morte de inocentes, que autoriza o extermínio daqueles que não são mais capazes de trabalhar, dos enfermos, daqueles que soçobraram na senilidade… Será que temos o direito de viver  só enquanto pudermos ser produtivos?”.

Ao lado, propaganda nazista em favor do extermínio: “60 000 marcos é o que essa pessoa portadora de defeitos hereditários custa ao Povo durante sua vida. Companheiro, é o seu dinheiro também”.

No começo do século XX, parecia legítimo que os seres humanos mais frágeis desaparecessem e abrissem espaço a seres mais bem preparados para sobreviver, em nome da seleção natural. É desse modo que são editadas em determinados Estados leis que permitiam esterilizar pessoas dadas como fracas de espírito ou deficientes.

Em 14 de julho de 1933, Hitler, por sua vez, publica uma lei sobre a esterilização dos deficientes mentais. Protestos houve somente do clero. Um decreto datado de 1º de setembro de 1939, exatamente no dia da deflagração da Segunda Guerra Mundial, prescrevia não mais somente esterilizar mas também levar à morte os deficientes, os marginais e os que apresentavam tendência permanente para a depressão. O pretexto era de liberar os leitos hospitalares para os futuros feridos de guerra.

Hitler confia toda a operação a Karl Brandt, seu médico pessoal, e a Philip Bouhler, médico-chefe da chancelaria. Eles se instalam sob o nome de codificado “Aktion T4”. Os funcionários do T4 experimentam diferentes meios de extermínio, começando com o veneno e depois descobrindo o gás. Num primeiro momento, encerram suas vítimas num local fechado e injetam o gás do escapamento de um caminhão.

Muito rapidamente, os procedimentos são aperfeiçoados. Em janeiro de 1940, uma quinzena desses infelizes são conduzidos para uma falsa ducha de chuveiro e asfixiados com o monóxido de carbono. Os cadáveres são em seguida incinerados. Seus familiares são avisados por carta da morte acidental do parente e convidados a recuperar as cinzas. Era uma antecipação das câmaras de gás de Auschwitz.

Em torno de 70 a 100 mil deficientes seriam dessa maneira assassinados em menos de dois anos. Porém, malgrado todos os esforços da administração, o segredo seria descoberto. A inquietação vai crescendo. Até dentro do próprio exército cresce a preocupação quanto ao destino dos feridos de guerra. Pastores protestantes começam a reagir.

O papa Pio XII intervém na questão em 15 de dezembro de 1940, condenando firmemente a eutanásia. Por fim, em 9 de março de 1941, o bispo católico de Berlim, von Preysing, denuncia “mortes batizadas de eutanásia”. Joseph Goebbels, chefe da propaganda, convence Hitler de não determinar a execução do bispo para evitar um conflito aberto com os cristãos de Münster. Finalmente, três semanas após o golpe de efeito do monsenhor von Galen, em 24 de agosto de 1941, Hitler decide suspender a “Aktion T4”.

Os mais de cem funcionários do T4, contudo, não ficam sem funções. Algumas semanas mais tarde, Heinrich Himmler, ministro do Interior e chefe supremo da SS, usa de sua expertise para pôr de pé o plano de eliminação física dos judeus.

Fonte: UOL

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